quarta-feira, 26 de maio de 2010

Acuada, BP ameaça desistir de nova tentativa para conter vazamento

ENGENHEIROS PRETENDEM INJETAR FLUIDOS PESADOS NA BOCA DO POÇO NESTA QUARTA

Da Reuters

Sofrendo crescente pressão do governo dos Estados Unidos para conter o vazamento de petróleo no fundo do Golfo do México, a British Petroleum alertou nesta terça-feira que uma nova tentativa de tapar o poço pode ser adiada ou mesmo abandonada.

Com a ajuda de robôs submarinos, engenheiros pretendem injetar na quarta-feira fluidos pesados (tipo lama) na boca do poço, a 1.600 metros de profundidade, em mais uma complicada manobra para tentar conter o vazamento, que ameaça provocar graves prejuízos ambientais e econômicos.

Executivos da BP dizem repetidamente que essa tentativa de "sufocar" o vazamento é um processo complexo, nunca antes tentado a tamanha profundidade. Mas o governo Obama, sob pressão popular, está impaciente por resultados imediatos.

Antes de os engenheiros tentarem tampar o poço, cientistas farão testes para assegurar que o procedimento não sairá pela culatra, e que o vazamento não vai se agravar, disse o vice-presidente da BP, Kent Wells, a jornalistas.

"O que aprendermos durante esta fase de diagnóstico será crucial para nós", disse Wells. Na segunda-feira, executivos disseram que a "sufocação" do poço tem apenas 60 a 70 por cento de chances de sucesso.

O vazamento começou em 20 de abril, quando a plataforma que perfurava o poço explodiu e afundou, causando 11 mortes. Desde então, o valor de mercado da empresa na Bolsa de Londres teve uma perda de cerca de 25 por cento, ou 50 bilhões de dólares.

O governo dos Estados Unidos passou semanas fazendo duras críticas à BP e, no domingo, o secretário de Interior, Ken Salazar, sugeriu que a empresa poderia ser afastada da tarefa se não conseguir estancar o vazamento rapidamente.

Nos últimos dias, no entanto, as autoridades pareceram recuar, já que precisam da tecnologia de águas profundas da BP para tentar consertar o problema, conforme lembrou Carol Browner, consultora de energia e clima do presidente Barack Obama.

A Casa Branca disse que Obama irá na sexta-feira à Louisiana avaliar as atividades, e que o governo já mobilizou mais de 1.200 embarcações e 22 mil funcionários para "uma das maiores reações a um evento catastrófico na história."

O governo também declarou "desastre pesqueiro" na Louisiana, Mississippi e Alabama, os quais por isso poderão se beneficiar de assistência federal.

A BP diz que cerca de 800 mil litros de petróleo vazam por dia do poço, embora alguns cientistas estimem que a cifra pode ser até 20 vezes superior.

A empresa disse nesta terça-feira que, além de tentar "sufocar" o vazamento, está preparando outro método de controle, que consiste em desviar o petróleo para uma tubulação. Se esses métodos imediatos falharem, a alternativa será construir um poço auxiliar, o que iria levar meses.

A BP afirmou que deverá desligar a transmissão de um vídeo ao vivo que mostra o vazamento enquanto realiza os novos procedimentos.

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