"Neste momento, a Vila Cruzeiro pertence ao Estado", afirmou o subchefe operacional da Polícia Civil
Luís Bulcão Pinheiro, Terra
Foto: Reuters
Cinco horas após o início da invasão à Vila Cruzeiro, na zona norte do Rio de Janeiro, as polícias Militar e Civil concluíram a operação de ocupação da favela, por volta das 17h30 desta quinta-feira. Desde a tarde de ontem, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) mantinha unidades no topo do morro. A partir das 12h30 de hoje, outras equipes do Bope e da Polícia Civil, auxiliadas por blindados da Marinha e por fuzileiros navais, iniciaram a incursão na comunidade.
"Neste momento, a Vila Cruzeiro pertence ao Estado", afirmou ao fim da tarde o subchefe operacional da Polícia Civil, Rodrigo Oliveira. Ainda não há informações oficiais sobre mortos e feridos nos confrontos, mas pelo menos dois trabalhadores foram atingidos por balas perdidas. Eles deram entrada no hospital Getúlio Vargas logo no começo da operação e foram liberados após receberem atendimento.
O tiroteio foi intenso durante todo o dia. De acordo Oliveira, a polícia encontrou muita resistência, com carros e caminhões queimados, alem de barricadas montadas pelos traficantes. "A gente sabia que essa era uma das favelas mais bem armadas do Rio de Janeiro", disse o policial, que acredita haver feridos e mortos entre os criminosos em fuga. "A gente encontrou muito rastro de sangue", afirmou.
Durante a operação, enquanto o Bope dominava o topo do morro, policiais civis e militares atuavam na área de confronto. A segurança no perímetro da comunidade era feita policiais civis e do batalhão de choque.
Violência
Os ataques tiveram início na tarde de domingo, dia 21, quando seis homens armados com fuzis abordaram três veículos por volta das 13h na Linha Vermelha, na altura da rodovia Washington Luis. Eles assaltaram os donos dos veículos e incendiaram dois destes carros, abandonando o terceiro. Enquanto fugia, o grupo atacou um carro oficial do Comando da Aeronáutica (Comaer) que andava em velocidade reduzida devido a uma pane mecânica. A quadrilha chegou a arremessar uma granada contra o utilitário Doblò. O ocupante do veículo, o sargento da Aeronáutica Renato Fernandes da Silva, conseguiu escapar ileso. A partir de então, os ataques se multiplicaram.
Na segunda-feira, cartas divulgadas pela imprensa levantaram a hipótese de que o ataque teria sido orquestrado por líderes de facções criminosas que estão no presídio federal de Catanduvas, no Paraná. O governo do Rio afirmou que há informações dos serviços de inteligência que levam a crer no plano de ataque, mas que não há nada confirmado. Na terça, a polícia anunciou que todo o efetivo foi colocado nas ruas para combater os ataques e foi pedido o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para fiscalizar as estradas. Foram registrados 12 presos, três detidos e três mortos.
Na terça, a polícia anunciou que todo o efetivo foi colocado nas ruas para combater os ataques e foi pedido o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para fiscalizar as estradas. Foram registrados 12 presos três detidos e cinco mortos.
Na quarta-feira, com o policiamento reforçado e as operações nas favelas, 15 pessoas morreram em confronto com os agentes de segurança, 31 foram presas e dois policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) se feriram, no dia mais violento até então. Entre as vítimas dos confrontos, está uma adolescente de 14 anos, que morreu após ser baleada nas costas. Além disso, 15 carros, duas vans, sete ônibus e um caminhão foram queimados no Estado.
Ainda na quarta-feira, o governo do Estado transferiu oito presidiários do Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio, para o Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná. Eles são acusados de liderar a onda de ataques. Outra medida para tentar conter a violência foi anunciada pelo Ministério da Defesa: o Rio terá o apoio logístico da Marinha para reforçar as ações de combate aos criminosos. Até quarta-feira, 23 pessoas foram mortas, 159 foram presas ou detidas e 37 veículos foram incendiados no Estado.
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