Discussão é marcada por divergências entre países ricos e pobres
Robert Cam, Reuters
O México está pressionando os participantes da conferência climática da ONU em Cancún a buscarem o melhor acordo possível, embora esteja claro que o resultado, por melhor que seja, não será suficiente para enfrentar a mudança climática.
A discussão climática é marcada por divergências entre países ricos e pobres, que impediram até agora a adoção de um novo tratado climático global de cumprimento obrigatório, que substitua o Protocolo de Kyoto a partir de 2012.
"O grande desafio não é só capturar em um documento da ONU os compromissos e as ações dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, mas sim encontrar uma forma, por um lado, de aumentá-los, e encontrar um mecanismo para seguir adiante", disse o negociador climático mexicano, Luis Alfonso de Alba, em entrevista coletiva.
O Protocolo de Kyoto exige reduções nas emissões de gases do efeito estufa por parte dos países desenvolvidos, que por sua vez exigem que no futuro as grandes nações emergentes --especialmente a China, maior emissor global de gases do efeito estufa-- tenham de aceitar compromissos na redução das suas emissões.
"(O Protocolo de) Kyoto cobriu no máximo 28 por cento das emissões globais e tinha metas que mal ultrapassavam 5 por cento das emissões globais", disse De Alba. "Em Cancún, esperamos sair com um pacote de reduções de emissões que certamente, se o que os países já anunciaram se concretizar, irá superar os 18 ou 19 por cento em nível global."
Os cortes prometidos pelos participantes da conferência ficam aquém do que os cientistas dizem que seria necessário para limitar o aquecimento global a 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, disse De Alba, mas um acordo poderia dar novo fôlego ao processo multilateral.
Até agora, a conferência de Cancún enfrenta um menor grau de rancores e inflexibilidade do que no evento do ano passado, em Copenhague.
A maior polêmica partiu do Japão, que considerou "sem sentido" prorrogar a vigência do Protocolo de Kyoto após 2012 sem um pacto mais amplo que inclua a China e os EUA, os dois principais emissores globais de gases do efeito estufa, que não participam do atual acordo.
A posição do Japão e de alguns outros países, como Canadá e Rússia, levou ONGs e países em desenvolvimento a acusarem as nações ricas de tentarem renegar suas promessas.
"Todo mundo é pela continuidade de Kyoto, mas de alguma maneira isso está ligado a esforços complementares ou adicionais. O que temos de estar cientes é que temos um breve período para tomar decisões, mas esse período acaba em 2012, não acaba em Cancún", disse De Alba.
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