segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Região: ONGs vão a Analândia contra a corrupção

Representantes de 35 entidades de todo o País se reuniram na cidade ontem em defesa da ética no setor público

José Maria Tomazela, "O Estado de S. Paulo" de 12/12/2010

Foto: Sérgio Ronco 
A pequena Analândia, a 225 quilômetros de São Paulo, foi por um dia a capital nacional da luta contra a corrupção. Representantes de 35 Organizações Não Governamentais (ONG) de todo o País que se dedicam a investigar e denunciar desvios de dinheiro público ocuparam ontem as ruas da cidade com faixas e cartazes. 
 
Com a adesão de moradores locais, realizaram carreatas, passeatas e manifestações que culminaram com a lavagem simbólica das calçadas da Prefeitura e da Câmara Municipal. 
 
Josmar Verillo, da Associação Amigos de Ribeirão Bonito (Amarribo), referência na luta pela ética no setor público, foi um dos que empunharam esfregões. "Há sérios indícios de corrupção grosseira na administração local, mas é algo que precisamos lavar no Brasil todo", disse. 
 
Estância climática famosa pelas cachoeiras e formações geológicas, a cidade passou a ocupar o noticiário policial desde o assassinato do vereador Evaldo José Nalin (PSDB), executado com sete tiros no dia 9 de outubro. Ele havia denunciado irregularidades na administração do município e se preparava para entregar ao Ministério Público um dossiê com novas denúncias. 
 
Uma operação conjunta do Ministério Público e da Polícia Civil prendeu o chefe do departamento de Educação, Luiz Carlos Perin, acusado de ser o mandante do crime. Ele é irmão do ex-prefeito José Roberto Perin e primo do atual prefeito, Luiz Garbuio (DEM). A família controla a política local faz quase 20 anos. 
 
Para Vanderlei Vivaldini Júnior, da Associação Unidos por Analândia (Amasa), os acontecimentos indicam que um grupo tomou conta da cidade e passou a intimidar opositores. Ameaças, perseguições e conluios passaram a fazer parte da rotina, mas o assassinato do vereador, diz, ultrapassou todos os limites. 
 
Francisco Fernandes da Silva, de Antonina do Norte (CE), disse estar sendo ameaçado de morte desde que denunciou um esquema de superfaturamento no transporte de alunos. "Transportam as crianças em caminhões pau de arara alugados de vereadores e pessoas ligadas ao prefeito e o custo é maior do que se a prefeitura mantivesse frota própria de ônibus."

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