Segundo chanceler, objetivo é pôr em risco produção de petróleo no país
BBC Brasil
Maduro criticou a 'dupla moral' da comunidade internacional em relação ao conflito líbio
O governo da Venezuela, visto como um aliado da Líbia na América Latina, indicou nesta quinta-feira que há forças estrangeiras interessadas em invadir o país para colocar em risco a produção petrolífera de um dos membros da OPEP (Organização de Países Exportadores de Petróleo).
"A Venezuela está analisando o conflito da Líbia com objetividade, já que estão se criando as condições para justificar uma invasão e tirar um dos pilares da OPEP", afirmou o chanceler Nicolás Maduro, durante um discurso no Parlamento.
Benghazi, a segunda cidade mais populosa da Líbia e cujos pontos centrais estão sob controle da oposição, abriga as principais jazidas de petróleo do país.
"Advogamos pela independência, paz e soberania do povo da Líbia. Não desejamos violência a nenhum país", afirmou Maduro, para quem a comunidade internacional atua com "dupla moral" em relação ao conflito líbio.
Twitter
Já o presidente Hugo Chávez usou seu Twitter para tratar da crise na Líbia. "Vamos, chanceler Nicolás (Maduro), dê outra lição a esta direita pró-EUA", escreveu, em referência à direita venezuelana.
"Viva a Líbia e sua independência! Khadafi enfrenta uma guerra civil!", afirmou o presidente, minutos depois de Maduro afirmar que está em curso na Líbia é uma "guerra de secessão".
O chanceler disse que o governo venezuelano acredita que algumas agências de noticias poderiam estar manipulando informações sobre crise na Líbia, assim como ocorreu na Venezuela quando houve o fracassado golpe de Estado de 2002 contra Chávez.
Uma equipe do canal multiestatal Telesul, com sede em Caracas, chegou a Trípoli na quarta-feira, e desde então tem reportado "total normalidade" na capital do país, que ainda é controlada por Khadafi.
O canal estatal transmite programas mostrando os protestos e a situação em Trípoli e fala de uma "guerra informativa".
Rumores
Essa é a primeira vez que o governo da Venezuela opina sobre a crise na Líbia. No fim de semana, depois de uma onda de rumores, o chanceler britanico, William Hague, chegou a afirmar que Khadafi poderia ter fugido de seu país rumo à Venezuela.
As declarações de Hague foram qualificadas como "irresponsáveis" pelo governo venezuelano. A imprensa estatal do país considera que elas tinham a intenção de vincular Chávez a Khadafi, que esta sendo questionado por violação de direitos humanos.
Chávez, que recebeu em Trípoli o Prêmio Khadafi de Direitos Humanos, tem sido criticado pela oposição venezuelana por ter entregado uma réplica da espada do líder independentista venezuelano Símon Bolívar.
OTAN
Antes da Venezuela, o líder cubano Fidel Castro já havia advertido sobre uma suposta intenção da OTAN de utilizar a crise na Líbia para intervir militarmente neste país.
"Nada teria de estranho a intervenção militar na Líbia, a qual garantiria à Europa os quase 2 milhões de barris diários de petróleo" afirmou Fidel, em artigo publicado nesta quinta-feira.
Fidel, que também questiona a veracidade da informação das agências de noticias, disse que "ninguém no mundo nunca estará de acordo com a morte de civis indefesos na Líbia", escreveu. O ex-presidente cubano, no entanto, questiona se esse princípio é aplicado "aos civis indefesos que os aviões sem pilotos e os soldados (da OTAN) matam todos os dias em Afeganistão e Paquistão".
Na América Latina, o único presidente que abertamente declarou apoio ao líder líbio foi o nicaraguense Daniel Ortega, quem na segunda-feira expressou sua "solidariedade" com o amigo Khadafi.
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