domingo, 5 de junho de 2011

Mundo | Número de mortos em conflito na Síria sobe para 38

Soldados israelenses disparam contra centenas de manifestantes pró-Palestina que tentam cruzar a fronteira com as Colinas de Golã

Estadão.com.br

Foto: Oded Ballity/AP
Pelo menos 28 pessoas morreram neste domingo, 5, em confronto entre civis e forças de segurança no noroeste da Síria, informou um ativista de direitos humanos. Com as 10 mortes registradas ontem, os combates na província de Idlib já somam 38 mortos, de acordo com o presidente do Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede em Londres, Rami Abdel Rahman.
 
O conflito se intensifica na medida em que os soldados israelenses disparam contra centenas de manifestantes pró-Palestina que continuam tentando cruzar a fronteira entre a Síria e as Colinas de Golã, território ocupado por Israel. A manifestação faz parte dos atos para marcar o dia da Naksa - derrota, em árabe - em referência à Guerra dos Seis Dias, que começou no dia 5 de junho de 1967. À época, Israel ocupou as colinas do Golã da Síria, os territórios palestinos (Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental) e a península do Sinai do Egito.
 
De acordo com o repórter da rádio estatal de Israel, que se encontra perto da fronteira, a maior parte do grupo de manifestantes que tenta atravessar é formada por crianças e adolescentes. Meios de comunicação israelenses dizem que alguns dos ativistas conseguiram entrar no território, apesar do rígido policiamento da fronteira.
 
Durante a manifestação, uma mina anti-tanques explodiu em meio a um grupo de ativistas, aumentando o número de feridos, que, segundo a TV estatal Síria, chega a 220. De acordo com a mídia local, a Cruz Vermelha afirmou que não está conseguindo retirar os feridos da fronteira em razão dos disparos dos soldados.
 
A repórter militar da rádio estatal de Israel, Carmela Menashe, disse que fontes do Exército israelense garantem que as tropas foram orientadas a "agir com contenção para restringir o numero de feridos".
 
Também neste domingo o exército israelense atirou bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes palestinos no ponto de checagem de Kalandia, principal fronteira entre Israel e a Cisjordânia.
 
Exército 'capacitado'
 
Horas antes da manifestação deste domingo, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, disse que não permitiria que "extremistas" atravessassem as fronteiras de Israel. "Eu instruí nossas forças de segurança a agirem com determinação e contenção para proteger a soberania de nossas fronteiras, cidades e cidadãos", disse Netanyahu durante reunião semanal com membros do governo, em Jerusalém.
 
O exército israelense afirmou que seus soldados gritaram alertas em árabe para os manifestantes e que atiraram para o ar antes de mirarem nas pernas dos que atingiram a cerca que separa a Síria das Colinas de Golã.
 
A porta-voz do exército, Avital Leibovich, disse à imprensa que "isso é uma tentativa do regime sírio de tirar a atenção do mundo do banho de sangue que vem acontecendo no país nas últimas semanas".
 
Ela disse ainda que, depois de protestos similares na fronteira, que aconteceram no mês de maio, as forças israelenses se prepararam para "uma variedade de cenários possíveis na operação" e estão mais capacitados para impedir as manifestações.
 
No dia 15 de maio, milhares de manifestantes pró-Palestina se dirigiram para as fronteiras de Israel com territórios palestinos, com a Síria, com a Jordânia e com o Líbano.
 
Eles estavam relembrando outra data importante para os palestinos, o 63º aniversário da Nakba - que significa catástrofe em árabe - quando milhares de palestinos perderam suas casas em meio aos conflitos pela criação do estado de Israel em 1948.
 
Pelo menos 12 pessoas foram mortas pelos soldados israelenses nas manifestações de maio, em que algumas pessoas conseguiram cruzar a fronteira com as Colinas de Golã. 

Pedido de reconhecimento
 
Em um comunicado à imprensa, o principal negociador palestino, Saeb Erekat, exortou a comunidade internacional a "tomar as medidas necessárias para pôr um fim à ocupação israelense". Ele também pediu o reconhecimento do Estado Palestino nas fronteiras de 1967 e o apoio à admissão da Palestina como Estado-membro da ONU.
 
O dia da Naksa - que também significa humilhação - é lembrado neste domingo com manifestações de palestinos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza e de refugiados palestinos que se encontram em campos no Líbano e na Síria.

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