Bebeto fala sobre a carreira e as conquistas pelo Ribeirão Bonito Esporte Clube
Celso Luís, de Ribeirão Bonito
Fotos: Celso Luís/BMR
Com humildade e amizade para com os atletas, Luiz Roberto Zacharias, o Bebeto, de 63 anos, conquistou dois títulos regionais de futebol amador, treinando o Ribeirão Bonito Esporte Clube: em 1988, pela Liga Araraquarense, e neste ano, pela Liga Jauense. Há 31 anos, ele é morador de Ribeirão Bonito e funcionário do Centro Esportivo Comunitário, onde recebeu nossa reportagem e contou detalhes de sua carreira como jogador e treinador.
Bebeto nasceu em Bebedouro (SP), e viveu por lá até os 22 anos. Ele começou a jogar futebol nas categorias de base da Internacional, time tradicional da cidade. Em 1967, passou a atuar na equipe principal. Foi neste ano que conheceu sua esposa Sandra, com quem tem seis filhos e cinco netos. Na passagem pela Inter de Bebedouro, o zagueiro conseguiu dois acessos, indo da terceira para a primeira divisão paulista em dois anos.
Após sair de Bebedouro, Bebeto defendeu o Guaíra, onde também conseguiu dois acessos, e o Orlândia, em passagem sem títulos. Em 1975, o atleta foi campeão da segunda divisão goiana, pelo único clube fora do estado de São Paulo em que atuou: a Jataiense, de Jataí (GO). “Foi a cidade em que eu fui mais feliz jogando futebol”, diz.
Ele ainda jogaria pelo Fernandópolis, sendo campeão da terceira divisão paulista. Foi lá, em 1980, que encerrou a carreira, por motivos médicos. “Tive uma lesão grave no tornozelo, sentia muita dor. Chegou a hora de eu parar”, pensava. Ele comunicou ao presidente do clube, que rebateu: “Você está louco?”, relata Bebeto. “Eu só parei por causa das dores no pé”, completa.
Estes foram os times em que Bebeto ficou por mais tempo e trouxe melhores recordações. Nos últimos anos antes de parar, ele ainda atuou por Ponte Preta, Rio Preto e Votuporanga, mas, por atrasos de pagamento dos salários, acabou se desligando rapidamente dos clubes. “Dessas passagens eu não gosto nem de lembrar”, afirma.
Após encerrar a carreira, Bebeto retornou à cidade natal, mas logo teve que deixá-la. Ele recebeu um convite de um parente, que morava em Ribeirão Bonito, para que viesse jogar um amistoso contra o Milionários, de São Paulo. As dores haviam acabado, e ele passou a vir jogar por vários finais de semana, até que se mudou para o município. “Meu cunhado insistiu tanto e eu acabei vindo para cá. Gostei daqui e fiz boas amizades”, conta.
A primeira conquista
Após alguns anos parado, o Ribeirão Bonito Esporte Clube voltou a disputar torneios regionais em 1988, pela Liga Araraquarense. “O Clodoaldo Bonani [presidente do time na época] e eu formamos o elenco. Tinham vários diretores que ajudavam, entre eles o Carlé [Antonio Carlos Galhardo, morto neste ano]”, lembra Bebeto. A equipe foi campeã invicta, derrotando na final o Vilares, de Araraquara, por 2 a 1, fora de casa, com dois gols de “Nega Véia”.
“Aquele time era bom demais, do goleiro ao ponta esquerda. Era imbatível”, afirma. O elenco, formado por uma base da cidade e quatro jogadores de São Carlos, é lembrado até hoje pelo treinador. Os titulares eram Betinho, Nelsinho, Inho, Demá e Bagudinho, Dé, Bebé, Régis e Edson, Edmo (“Nega Véia”) e Cação. Eram opções no banco de reservas: Corméia, Zildo, Henrique, Nenê, Branco, Fumaça, Vando e Faísca.
Na época, a equipe fazia treinos pesados, de terça a sábado, com o preparador físico João Carlos. O apoio dos torcedores e da cidade era maior do que hoje, segundo ele. “Foram quatro ônibus lotados para Araraquara acompanhar o jogo da final, fora os caminhões e carros. Nos jogos em casa, o estádio enchia. O semblante das pessoas mostrava que elas vinham com amor torcer por Ribeirão Bonito”, relata. “O prefeito Felipe Mercúrio deu três dias de ponto facultativo após o título, a cidade parou”, completa.
Bicampeonato
Após o título, Bebeto voltou a se envolver com futebol somente entre o final da década de 1990 e o começo dos anos 2000, quando trabalhou por seis anos na Escolinha de Futebol, junto com Marcos Ferreira, o Marcão. Após mais um tempo parado, um impasse no comando do Ribeirão Bonito E.C., neste ano, fez com que Bebeto se tornasse o treinador do time na Liga Jauense.
Primeiramente, ele dividiria o cargo com Pedro Maia, treinador do Força Jovem. Porém, Maia disse que não poderia mais, por motivos profissionais. Então, foi chamado Viola. Os dois comandaram o amistoso contra o Trovão Negro, em março. Mas Viola também não pôde continuar. Desta forma, restou apenas a Bebeto a missão de treinar a equipe, formada somente por atletas da cidade.
Questionado se, ao receber o convite, ele pensou que poderia ser campeão, foi enfático: “Não. Jamais”. Foi ao longo do torneio que o técnico ajeitou o time. “Nos primeiros dois jogos, foi mais ou menos. Fui conversando com os jogadores, unindo o grupo e eles foram campeões. Fui achando a melhor posição deles jogando, sem treinar. E estão todos de parabéns”, diz.
Nos títulos vencidos, Bebeto vê diferenças: “Em 1988 a gente tinha mais apoio, todo mundo vinha ao campo e torcia. Mas eu dou mais valor na conquista deste ano, pois tinham jogadores apenas daqui”, afirma. O treinador apontou a vitória contra Nova Europa, por 1 a 0, pela segunda semifinal, como a partida mais marcante do segundo título: “Eles se superaram, lutaram bastante. Nós precisávamos da vitória lá. Aquele jogo foi o mais emocionante”.
Após esta missão “mais que cumprida”, como ele mesmo diz, Bebeto vai continuar trabalhando, mas largará o futebol. “Quando os veteranos [sub-35] terminarem o torneio que estão disputando, não mexo mais com bola”, confessa. “Eu trabalharei até cansar, pois já estou aposentado”, diz. Depois, ele se dedicará à família. Família esta que tem muitos motivos para se orgulhar de Bebeto, que será sempre lembrado na história do esporte de Ribeirão Bonito.
Parabéns Nego Véio..... nós temos orgulho de você !!
ResponderExcluirJá estamos sentindo sua falta, pois você é o melhor