sábado, 29 de outubro de 2011

Esporte | Exemplo dentro e fora de campo

Zagueiro Inho levantou três troféus regionais de futebol amador

Celso Luís, de Ribeirão Bonito
Fotos: Celso Luís/BMR
O atleta ribeirão-bonitense Luiz Carlos Cândido, conhecido como Inho, foi campeão regional de futebol amador por três vezes defendendo a cidade natal: em 1988 e 2011, pelo Ribeirão Bonito Esporte Clube, e em 1996, jogando no Juventude E.C.. Em todas elas, o zagueiro era o capitão da equipe e ergueu a taça. O jogador contou à nossa reportagem detalhes sobre os títulos e sobre suas passagens por times da região.

Segundo informações da Liga Jauense de Futebol Amador, Inho consta em seus arquivos como o atleta de mais idade a vencer o torneio regional organizado por ela - na edição deste ano, ele foi campeão com 46 anos de idade. Enquanto muitos param de atuar mais cedo, entre 30 e 40 anos, o jogador seguiu treinando firme e praticando o esporte, sempre conciliando com o seu trabalho - desde 1979, Inho é funcionário das Indústrias Torrezan.

De acordo com o atleta, além do amor ao esporte, o incentivo da família também foi importante para seguir jogando. Inho é casado com Josi, com quem tem um relacionamento há cerca de 20 anos. Os dois têm um filho de cinco anos, o Juninho, que, segundo o pai, não será cobrado para que siga seus passos. “Eu desejo que ele tenha saúde e seja uma pessoa honesta. Cada um tem que fazer o que gosta. Mas se ele quiser jogar futebol e Deus der o dom a ele, eu apoio”, disse.

Dentro das quatro linhas, a experiência ajuda o zagueiro a manter as boas atuações. “Hoje não preciso correr tanto como antes. Futebol não é só correr, é correr na hora certa”, afirmou. Fora de campo, a disciplina foi essencial. “Já deixei de ir a muitas festas por causa de futebol. Não me arrependo, porque gosto de fazer isso. Tenho um compromisso comigo, cobro muito de mim”, comentou.

Início

Inho conta que começou a praticar o esporte por volta dos oito anos de idade. E no primeiro torneio que disputou, em 1978, foi campeão. Detalhe: jogava como goleiro. Com 13 anos à época, ele trabalhava na indústria Manaus, que montou um time e venceu o campeonato local. Porém, anos depois, Inho passaria a ser zagueiro, posição que o consagrou.

Que fez a mudança foi Toninho Oliveira, que era de Bebedouro e tinha amizade com o técnico Bebeto. Após passar um tempo em Ribeirão Bonito, o treinador deixou o time sob o comando de Bebeto. Treinamentos e amistosos pela região foram realizados, e a cidade se inscreveu e venceu o torneio regional da Liga Araraquarense de Futebol em 1988.

“Vieram quatro atletas de fora da cidade que já tinham uma rodagem. Por outro lado, a gente estava começando e treinava quatro vezes por semana. Com a experiência deles e a juventude da gente, encaixaram-se as peças”, afirma o zagueiro. Na ocasião, o time foi campeão invicto, vencendo o último jogo do quadrangular final contra a Usina Santa Cruz, de Araraquara, por 1 a 0. “Para os atletas foi uma glória, pois cobravam muito a gente”, completa. Desde 1959, quando conquistou sua primeira Liga Jauense, a cidade não vencia um torneio regional.

Oito anos depois, Inho levantaria seu segundo troféu da Liga Araraquarense, defendendo o Juventude E.C.. Sob a presidência de Paulinho “Paguá” e treinada por Dirceu Balan e Hugo Pallone, a equipe conquistou a taça com atletas apenas de Ribeirão Bonito. O zagueiro lembra-se de todos que formavam com ele o time-base: Betinho, Mota, Zequinha, Neri, Bebé, Juquinha, Marquinho “Paçoca”, Piu, Brinquinho, e Luciano. Também faziam parte do time: Gé, Clóvis, Cação, Frank, Alecsandro, Russo, Itinha e Ita.

“O pessoal trabalhava durante o dia e vinha treinar no fim da tarde, até escurecer”, disse Inho. Os muitos treinos valeram a pena. Na final, o Juventude levou a melhor sobre o Paulista, de Rincão, em dois jogos: no primeiro, venceu por 1 a 0, com gol de Luciano; no segundo, empatou por 0 a 0 e fez a festa. Na partida decisiva, no Estádio Municipal de Araraquara, três ônibus cheios de torcedores foram assistir e apoiar o time.

Entre esses dois títulos regionais, Inho também atuou por alguns times da região em torneios locais. Mas foi em Jaú, jogando cinco anos pelo Torino, que ele teve um grande retrospecto. Entre 1996 e 2000, a equipe foi pentacampeã do amador da cidade, nos quatro primeiros anos de forma invicta. Ao contrário do que possa parecer, não era fácil vencer o campeonato, pois havia cerca de 20 clubes na disputa, alguns deles com atletas que já tinham pertencido ao XV de Jaú.

Após esta passagem, Inho atuou em outros lugares, como, por exemplo, Pouso Alegre, onde venceu novamente o amador de Jaú. Em 2003, pela Única, time formado por André Mascaro, conquistou um torneio em São Carlos. E, quatro anos depois, disputou a Liga Araraquarense por Trabiju, chegando até as quartas de final da disputa. Na ocasião, o jornal “Gazeta Central”, de Ibaté, noticiou a contratação com o seguinte título: “Trabiju F.C. contrata o melhor zagueiro da região”.
Foto: Paulo Pederro/Bocaina Online
A conquista mais recente do zagueiro foi neste ano de 2011 pelo Ribeirão Bonito Esporte Clube, em mais um elenco formado somente por atletas da cidade, desta vez sem treinamentos. A equipe, comandada por Bebeto, venceu as duas finais da Liga Jauense contra o Bocaina F.C.: por 1 a 0, em casa, e por 3 a 1, em pleno estádio do adversário. “Os principais méritos deste time foram a vontade de vencer e a humildade. Um jogador acreditava no outro. Cada um doou o seu melhor em campo”, ressalta.

Três títulos regionais e cerca de 20 conquistas de competições locais depois (oito delas pela região, o restante em Ribeirão Bonito), Inho não se cansa. O atleta disputa o atual Campeonato Municipal de Futebol pelo time Trombini Fotos e tentará erguer mais uma taça. Para isso, ele continua se preparando fisicamente: “Desde os 13 anos eu treino em volta do gramado [do Estádio Municipal]. Eu treinava quatro vezes por semana, mas agora estou diminuindo um pouco”, disse.

O jogador ainda ironizou sobre sua longa carreira. “No estádio já mudaram umas três vezes o vestiário, o alambrado, o placar... Enquanto tiver a pista em volta [do campo], eu estarei sempre lá correndo”, brincou.


Nota do Blog: confira mais detalhes sobre o título de 1988, da Liga Araraquarense, na reportagem especial com o técnico Bebeto.

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