segunda-feira, 23 de julho de 2012

Comunidades Eclesiais se despedem de Ribeirão Bonito

Encontro das CEBs da arquidiocese foi realizado no final de semana

Marcel Rofeal, de Ribeirão Bonito

Fotos: Marcel Rofeal/BMR
Terminou por volta das 13h deste domingo (22) o 26° Encontro das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da sub-região da CNBB de Campinas, realizado desde sábado (21) em Ribeirão Bonito. Entre os presentes, representantes de seis dioceses do interior paulista: Amparo, Bragança Paulista, Campinas, Limeira, Piracicaba e São Carlos. Cerca de 200 pessoas participaram das atividades, voltadas à discussão de assuntos de interesse da própria igreja e da sociedade.

O encontro teve início na manhã de sábado (21), com a acolhida aos católicos visitantes. Na Igreja Matriz do Bom Jesus da Cana Verde, em Ribeirão Bonito, o evento foi aberto oficialmente com uma oração. Após orientações práticas, o professor Edson Gonçalves Silva, da diocese de Campinas, proferiu uma palestra onde abordou os principais assuntos que seriam discutidos durante o encontro, entre eles a participação política, juventude e os rumos da Igreja Católica.

Na sequência, após um breve intervalo, quem se apresentou foi a socióloga Rosilene Wansetto (foto), esposa de Edson, que explanou sobre sustentabilidade e política. Os assuntos foram os destaques do encontro, que teve como tema: “CEBs em busca da Sociedade do Bem Viver e Conviver para que todos tenham vida”. Após o almoço, os participantes do evento se dirigiram à Capela de Nossa Senhora Aparecida, no Morro Bom Jesus, para um momento de oração.

De volta à Igreja, as cerca de 200 pessoas se dividiram em 10 grupos de trabalho para discutir os temas apresentados no início do encontro e os relatórios começaram a ser apresentados por volta das quatro da tarde. Em sua síntese, o professor Edson Silva ressaltou alguns dos assuntos citados durante a plenária. Destacou a necessidade de a igreja rever, e não abolir, alguns conceitos, como é o caso dos ministérios celibatários.

Silva (foto) focou suas considerações no tema político. Orientou que as comunidades cobrem de seus párocos um posicionamento imparcial durante o período eleitoral e que, percebendo a preferencia do sacerdote por um candidato, chamem-no a atenção. Também reforçou a recomendação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), divulgada através de cartilha, para que os padres orientem os fiéis no sentido de escolherem candidatos “ficha-limpa”.

Rosi falou em seguida e abordou a questão política nacional, citando o governo Lula e falando sobre a dívida externa. Voltou a mencionar a sustentabilidade, a exemplo do que fez pela manhã, e direcionou sua fala à política. Reafirmou a importância da participação popular no processo político, não só fiscalizando, mas também se candidatando, e disse que os membros das comunidades não devem ser excluídos, mas sim incentivados quando decidem candidatar-se.

Ela também falou que os jovens devem receber uma atenção especial e apoio. Neste mesmo aspecto, abordou a aproximação da Jornada Mundial da Juventude, que será realizada no Rio de Janeiro em 2013. Por volta das seis da tarde, a diocese de Limeira promoveu mais um momento de oração para encerrar o primeiro dia das atividades. Os participantes que vieram de outras cidades foram acolhidos por diversas famílias ribeirão-bonitenses.

Já no domingo (22), o encontro foi aberto às sete e meia da manhã com uma missa celebrada pela diocese de Piracicaba. Por volta das nove horas, foi iniciado o momento de testemunhos “Construindo a Sociedade do Bem Viver”. Na abertura, representando a Amarribo Brasil, o diretor Guilherme Caldas von Haehling falou sobre o trabalho de mobilização da entidade, a rede de mais de 200 organizações pelo país e a organização da 15ª Conferência Internacional Anticorrupção.

Guilherme (foto) ainda distribuiu cartilhas com orientações de mobilização e com um histórico da entidade ribeirão-bonitense, que surgiu por iniciativa do pároco local em 1999. Depois da Amarribo, as pastorais tiveram a palavra. Representando a pastoral dos migrantes de Ribeirão Bonito, o casal Joana d’Arc e Wando emocionou os espectadores com seu testemunho de como a igreja se torna a família de quem deixa sua terra-natal em busca de melhores condições de vida em outros estados.

Antes do encerramento, o professor Edson Silva voltou a fazer considerações sobre o Encontro das CEBs. Reafirmou o que havia dito no dia anterior e lembrou o exemplo da própria Amarribo Brasil, que foi apresentado momentos antes. O símbolo do 26° Encontro foi entregue à diocese de Bragança Paulista, que sediará a próxima edição. O pároco João Francisco Trovilho Morales agradeceu às equipes de organização e fez um rápido pronunciamento.

Morales se emocionou ao falar da preparação para o encontro e explicou os objetivos das Comunidades Eclesiais de Base, destacando “viver e conviver em sociedade, buscando uma vida digna”. Por volta de uma e meia da tarde, os participantes do encontro deixaram Ribeirão Bonito. Ouvidos pela reportagem, alguns integrantes ressaltaram a hospitalidade do povo ribeirão-bonitense e agradeceram à acolhida.

As CEBs se espalharam pelo Brasil entre as décadas de 1970 e 1980. Durante a luta contra a ditadura militar, deram grande contribuição à redemocratização do Brasil, impulsionaram a criação de clubes, associações de moradores, inserção no movimento operário e outras iniciativas que fortaleceram o movimento social. Ligadas diretamente à Igreja Católica, foram incentivadas pelo Concílio Vaticano II entre os anos de 1962 e 1965.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pedimos a compreensão de todos: caso queira enviar comentário sem ser identificado, envie para o e-mail marcel.rofeal@gmail.com para que, pelo menos a administração deste blog, possa identificar os autores.