Apadrinhado pelo ex-presidente Lula, ex-ministro concorreu a contragosto das alas tradicionais do PT e derrotou nas urnas o ex-governador do PSDB
iG São Paulo
O ex-ministro da Educação Fernando Haddad
é o novo prefeito de São Paulo. Sem nunca ter disputado uma eleição,
Haddad entrou na corrida pelas mãos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
e sai das urnas neste domingo tendo derrotado um dos principais líderes do PSDB, o ex-governador José Serra
. Com 100% das urnas apuradas, Haddad teve 55.57% dos votos válidos contra 44.43% de Serra.
Foto: Futura Press
Fernando Haddad (PT) é eleito o novo prefeito de São Paulo com 55.57% dos votos válidos
A vitória de Haddad devolve ao PT o comando da
maior cidade do País, perdido há oito anos, quando a então prefeita
Marta Suplicy foi derrotada por Serra em sua tentativa de se reeleger.
Também ajuda a consagrar dentro do partido o processo de renovação
capitaneado pelo próprio Lula e que pavimentou também a eleição da
presidenta Dilma Rousseff em 2010.
A coletiva de vitória de Haddad reforçou este processo, com um longo e
efusivo agradecimento a Lula, pela orientação e apoio durante toda a
campanha, que gerou um coro de "Viva o presidente Lula" entre os
militantes e correligionários presentes. O prefeito também agradeceu à
presidenta Dilma Rousseff, pela sua "presença vigorosa desde o primeiro
turno" e afirmou que conta com o apoio do governo federal durante seu
mandato. "O Brasil moderno nasceu aqui (em São Paulo) e o Brasil do novo
milênio também nascerá aqui," afirmou durante a coletiva.
Foto: Divulgação
Haddad entrou na corrida pelas mãos de Lula, que teve participação decisiva na campanha
Ao escolher Haddad como candidato na maior
cidade do País, Lula contrariou as principais alas tradicionais do PT de
São Paulo. A maior resistência à candidatura do ex-ministro veio por
parte do grupo de Marta, que se colocou como adversária de Haddad na
disputa interna e só deixou o páreo após uma intervenção de Lula e
Dilma. Marta não aderiu à campanha do ex-ministro da Educação enquanto
não recebeu como contrapartida o comando do Ministério da Cultura.
O grupo de Marta, entretanto, não foi o único a
resistir. Aliados do hoje ministro da Educação, Aloizio Mercadante,
também operaram internamente contra Haddad. Nesse caso, entretanto, a
aceitação, assim como a adesão à campanha, foram mais rápidas.
Para amarrar a candidatura de Haddad, Lula
levou nada menos do que três anos. Os primeiros passos foram dados ainda
em 2009, quando já estava arrematada a candidatura de Dilma Rousseff.
Na época, faltava definir quem seria o candidato do PT ao governo de São
Paulo. Foi ali que Lula, ainda presidente, ventilou pela primeira vez o
nome de Haddad. O ex-presidente chegou a pedir a líderes da legenda no
Estado que “testassem” o desempenho do então ministro em eventos pelo
interior paulista. E propôs que seu nome fosse incluído em uma série de
reuniões entre a direção partidária e possíveis candidatos ao governo,
num esforço para medir o nível das resistências internas.
Haddad chegou a se sentar a portas fechadas
com a Executiva do PT. Disse aos colegas que tinha interesse em
disputar uma eleição, mas que não teria condições de fazê-lo sem apoio
interno. Ele acabou saindo da reunião defendendo a candidatura
Mercadante, que depois receberia do próprio Lula um pedido para se
lançar na corrida estadual.
Nas últimas semanas, quando a vitória do
ex-ministro já era tida como praticamente certa, líderes petistas já
anteviam uma mudança nos discursos dos que lá atrás se posicionaram
contra a candidatura de Haddad. "Quem era contra agora vai ter ouvir
quieto", disse um dirigente do partido. Marta, por exemplo, foi além.
Neste domingo, ao conversar com jornalistas depois de votar, elogiou o
"tino político" e a "intuição" de Lula por ter insistido na candidatura
do ex-ministro da Educação.
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