Da doação de terras para a capela ao município em
desenvolvimento
Marcel Rofeal, da Redação
Foto: Marcel Rofeal/BMR
Da promessa de uma
família religiosa ao vilarejo de economia pujante e, posteriormente, ao
município em ascensão. Ribeirão Bonito completou seus 126 anos de emancipação no
último sábado (5), data em que foi promulgado o decreto que formalizou sua
independência política o desligamento oficial de Brotas, ao qual pertencia o
povoado. Nas últimas décadas, muitas foram as mudanças que marcaram a história,
desde o perfil de sua população às atividades econômicas.
Tudo começou em um dia
6 de agosto, data em que se celebra o Bom Jesus da Cana Verde, que viria a
tornar-se o padroeiro de Ribeirão Bonito. Joaquim Alves Costa, contrariando
seus familiares, decidiu sair e trabalhar como em qualquer outro dia, porém
sofreu graves ferimentos ao ser atingido por uma árvore. Seu estado de saúde se
complicava quando ele decidiu fazer uma promessa por sua melhora: doaria terras da família para a construção de uma capela ao Bom Jesus.
Já totalmente
recuperado, Joaquim teve a ajuda dos irmãos Antônio, Thomaz e Ignácio, do filho
José Venâncio, do cunhado Manoel e de um amigo, Antônio José, e adquiriu uma
área de 15 alqueires no centro geográfico de São Paulo para a construção da
capela por João Leite de Arruda. Era dia 2 de março de 1872 quando o templo foi
erguido e logo, ao redor da pequena igreja, surgiram as primeiras casas de
comércio do vilarejo, denominado Senhor Bom Jesus de Ribeirão Bonito.
Foto: Arquivo/Correio D'Oeste
Uma década se passou, o
número de moradores crescia e o Governo Provincial, aos 8 de março de 1882
instalou o distrito de Ribeirão Bonito, ainda incorporado a Brotas. Com a
chegada dos imigrantes italianos e o impulso da cafeicultura, o distrito viu
sua economia crescer rapidamente e em menos de oito anos Ribeirão Bonito
conquistou sua independência, tornando-se Vila no dia 5 de março de 1890. Em
ascensão, tornou-se comarca em 1892 e município em 1893.
A chegada da linha férrea
consolidou a expansão de Ribeirão Bonito em todos os aspectos. No ano de 1895,
foi inaugurada a estação ferroviária da Companhia Paulista de Estradas de
Ferro, um marco na história local. O desenvolvimento da cidade seguia em ritmo
acelerado e o município se destacava entre os demais da região e se impunha
respeito. Sua expressão política foi responsável por serviços essenciais à
população, como a instalação da primeira agência local de correios.
O crescimento seguia a
passos largos. Em 1899, foi implantado o sistema de abastecimento de água
domiciliar. Já em 1911, o sistema de iluminação elétrica foi inaugurado e, dois
anos depois, era a vez do sistema de esgoto sanitário entrar em funcionamento.
A pequena capela acabou demolida para dar lugar à imponente Igreja Matriz do
Senhor Bom Jesus da Cana Verde, obra concluída em setembro de 1907. Dois anos
depois, foi inaugurado o Grupo Escolar.
Foto: Arquivo/Exército Brasileiro
Seu território também sofreu
mudanças ao longo dos anos. Em 1906, o distrito de Guarapiranga foi criado e
incorporado a Ribeirão Bonito. Quase 30 anos, o município ainda ganhou as
terras do distrito de Santa Clara, que acabou desmembrado de Ribeirão Bonito
três anos depois e foi incorporado ao município de Dourado. Desde então, ocupa
uma área de 471,5 mil quilômetros quadrados. Já em 1944 foi constituído o Termo
Judiciário da Comarca de Ribeirão Bonito.
Tudo, no entanto,
ganhou destinos incertos a partir da década de 1960. Com a desativação da linha
férrea, a economia entrou em colapso. Dezenas de empresas e agências
nacionalmente conhecidas que aqui se estabeleceram, começaram a deixar a
cidade. A esta medida, também a população foi reduzida ano a ano. Dos mais de
20 mil moradores, nos anos de progresso, Ribeirão Bonito hoje conta com uma
população que gira em torno dos 13 mil habitantes, segundo censo.
Pouco restou daquela
imponente comunidade, senão importantes prédios e registros históricos e as
lembranças dos moradores mais antigos. Hoje, Ribeirão Bonito luta para
reencontrar um norte que possa o levar no sentido do desenvolvimento. Com o
passar dos anos, o município voltou a ganhar notoriedade no cenário nacional e
internacional com seis filhos ilustres, como Octavio Gabus Mendes, Geraldo
Blota e Blota Jr., e de iniciativas populares como o combate à corrupção.
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