Ministro diz que volta de Zelaya ao país é oportunidade para resolver problema.
Camila Viegas-Lee, de Nova York para a BBC Brasil
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou nesta quinta-feira (24), em Nova York, que o Brasil não está "insuflando" a crise política em Honduras, em resposta às acusações de que o presidente deposto do país, Manuel Zelaya, estaria usando a embaixada brasileira para estimular protestos.
"Ninguém está insuflando, estamos tentando ter uma ação moderadora também", disse Amorim.
Segundo o ministro, a imprensa tem tratado o retorno de Zelaya a Honduras como uma crise, mas a situação deve ser encarada como uma oportunidade para resolver o problema no país.
"Muito da mídia brasileira diz que a volta do Zelaya criou uma crise. Mas a secretária de Estado (americana, Hillary Clinton), o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos, José Miguel Insulza), todos eles viram isso como uma oportunidade para resolver o problema", afirmou.
"Essa oportunidade, no caso, envolve riscos. Mas é uma oportunidade para que haja um diálogo, que é o que nós estamos querendo propiciar."
"Agora, para que haja um diálogo, é preciso que se abra o aeroporto, deixe que o avião chegue lá, uma missão da OEA chegue lá. Ou outra missão, se quiser ir o (ex) presidente (dos Estados Unidos, Jimmy) Carter, se quiser ir o presidente (da Costa Rica, Óscar) Arias."
Nesta quinta-feira, o governo interino de Honduras autorizou a reabertura dos aeroportos do país pela primeira vez desde a última segunda-feira, quando Zelaya retornou à capital, Tegucigalpa, e se refugiou na embaixada brasileira.
A OEA anunciou que enviará uma missão a Honduras ainda neste final de semana e determinou o retorno dos embaixadores que haviam se retirado após a deposição de Zelaya.
Na sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU deverá realizar uma reunião para discutir a crise em Honduras.
Zelaya foi deposto em 28 de junho. Ele foi preso em sua casa, ainda de pijamas, por um grupo de militares e levado ao exílio na Costa Rica.
A comunidade internacional não reconhece o governo interino instalado após a deposição, comandado por Roberto Micheletti, e considera Zelaya o presidente legítimo de Honduras.
"Não estou dizendo que seria correto ou que seria justo (as medidas tomadas por Zelaya, que provocaram sua deposição), mas que há procedimentos corretos para fazer isso. Não é pegar um fuzil, colocar na cabeça de um Presidente da República e sequestrá-lo para outro país", disse Amorim.
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