Exame foi adiado após denúncia do jornal 'O Estado de S.Paulo'.
A nova prova, segundo o MEC, deve acontecer em 30 ou 45 dias.
Rafael Targino, do G1 em Brasília
O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (1), durante entrevista à imprensa após o vazamento das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que o inquérito da Polícia Federal que vai investigar o fato já foi aberto e vai correr em São Paulo, cidade onde houve a oferta para o jornal “O Estado de S.Paulo”. A nova prova, segundo o MEC, deve acontecer em 30 ou 45 dias.
“[As pessoas que fizeram a oferta] Estão se expondo de uma maneira que podemos chegar aos autores do delito com alguma rapidez”, disse. O consórcio que venceu a licitação de impressão da prova foi chamado a Brasília para dar explicações. Ele foi o único participante da licitação.
Haddad disse que vai avaliar nesta tarde com o consórcio se ele continua executando a prova, além dos custos do adiamento. Segundo o ministro, todo o contrato custa cerca de R$ 116 milhões e a reimpressão responde por 30% desse total (aproximadamente R$ 34,8 milhões). Há duas alternativas: continuar com o único consórcio que participou da licitação, ou uma contrato emergencial.
O ministro disse que é preciso novos requisitos de segurança para a prova. De acordo com ele, manter o consórcio é uma avaliação que cabe ao Inep fazer. Haddad disse que esta prova do Enem já virou uma espécie de simulado.
O diretor do Inep, Reynaldo Fernandes, disse que o ponto mais sensível a problemas de segurança é a distribuição das provas, um processo que já tinha se iniciado. Boa parte do país já recebeu as provas que foram invalidadas hoje.
Ele disse também que, para respeitar os prazos das universidades que vão usar a nota do Enem nos seus processos seletivos, haverá mais gente para corrigir as provas.
Ao ser perguntado se tinha alguma explicação a dar aos alunos que estavam ansiosos por fazer o Enem Haddad bricou. "A maioria dos e-mails aqui era para prorrogar o prazo. Nove entre dez e-mails que a gente recebe dizem: que bom que cancelaram a prova."
O ministro contou na coletiva que, por volta das 21h30, foi informado que o jornal havia recebido uma oferta de provas impressas do Enem. Após isso, uma equipe do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) fez uma checagem com as informações passadas pelo “Estado”. Segundo o ministro, no Inep, não existe prova impressa, mas sim uma digitalizada em um cofre e em um envelope lacrado. A impressão acontece somente na gráfica, disse.
Por volta de 1h, a equipe confirmou que os elementos descritos pela jornalista estavam na prova que seria aplicada no final de semana. Logo após, o presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, comunicou o adiamento da prova.
"A prova impressa tem que ter passado pela gráfica. Uma coisa seria o vazamento do banco de itens. Outra seria o manuseamento do material impresso. Até pela experiência acumulada nesta área, há realmente um risco de vazamento na gráfica. Por isso ela é monitorada, com câmeras que gravam entrada e saída de pessoal. Mas não posso excluir nenhuma possibilidade”, disse.
O ministro elogiou a postura do jornal. "Não fosse a conduta do jornal até aqui, corríamos o risco de aplicar a prova e anular semana que vem. Seria um transtorno pra mais de 4 milhões de pessoas."
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