Internacional: ONU denuncia 5.000 crimes contra mulheres por ano - Blog Marcel Rofeal

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quinta-feira, 4 de março de 2010

Internacional: ONU denuncia 5.000 crimes contra mulheres por ano

APEDREJAMENTOS, ESPANCAMENTOS, E OUTRA AGRESSÕES OCORREM "EM DEFESA DA HONRA"

A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, denunciou nesta quinta-feira (4) cerca de 5.000 cinco mil crimes contra as mulheres, cometidos a cada ano, e ainda justificados, em todo o mundo, sob o arcabouço jurídico de "legítima defesa da honra".

"Em nome da defesa da honra da família, mulheres e meninas são mortas a tiros, apedrejadas, queimadas, enterradas vivas, estranguladas, asfixiadas e apunhaladas até a morte, em um ritmo assustador", enumerou em comunicado, por ocasião do Dia Internacional da Mulher, na próxima segunda-feira (8).

"A maior parte desses 5.000 crimes registrados a cada ano no mundo não aparecem nos jornais, assim como as inumeráveis violências infligidas às mulheres e às meninas por seus maridos, pais, irmãos, tios ou outros homens - às vezes, até, por outras mulheres - membros da família", informa a nota.

As motivações desses crimes vão da violação das normas familiares ou comunitárias em matéria de comportamento sexual, à recusa a um casamento forçado, passando por pedidos de divórcio ou reclamações sobre herança, explicou a Alta Comissária. Pillay se mostrou indignada ao comentar:

- Em alguns países, os autores [dos crimes] podem mesmo ser tratados com admiração. Estima-se que uma mulher em cada grupo de três no mundo é agredida, violentada ou vítima de outras espécies de abusos durante sua vida. E esses atos são cometidos, na maioria das vezes, na família.

Embora o principal motivo alegado pelas vítimas para explicar por que não renunciam a uma relação violenta seja a falta de autonomia financeira, a violência doméstica também está em alta em países onde as mulheres atingiram um alto grau de independência econômica. Pillay afirmou:

- Conhece-se bem os casos de mulheres que são empresárias brilhantes, parlamentares, advogadas, médicas, jornalistas e universitárias que levam uma vida dupla: aplaudidas pelo público e vítimas de abusos em casa.

Em mensagem para o Dia Internacional da Mulher, o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, fez um apelo vibrante por direitos e oportunidades iguais aos dos homens, para o sexo feminino, pelo mundo.

As Nações Unidas realizam desde a última segunda-feira (1º) a 54ª sessão da Comissão da ONU sobre o estatuto da mulher que, durante toda a semana, analisa o cumprimento dos compromissos assumidos mundialmente sobre igualdade de gênero.

Ban lamentou que persista contra as mulheres a injustiça e discriminação 15 anos após o apelo à igualdade dos sexos, durante a Conferência Internacional de Pequim sobre as mulheres, realizada em 1995.

O secretário-geral qualificou a autonomia das mulheres de "imperativo econômico e social", lembrando que a declaração de Pequim havia permitido enviar às mulheres e meninas a mensagem clara de que a igualdade de oportunidades é um direito inalienável.

Admitindo que as Nações Unidas devam dar o exemplo, ele pediu à Assembleia Geral da ONU a concluir os preparativos para a criação de uma entidade encarregada da igualdade de sexos e da autonomia das mulheres.

A nova entidade deve ter um orçamento próprio e ser dirigida por uma mulher, no cargo de secretária-geral adjunta, sob a autoridade direta de Ban Ki-moon. As modalidades técnicas e orçamentárias deste cargo devem ainda ser definidas e aprovadas.

Várias mulheres de renome, entre elas a presidente do Chile, Michelle Bachelet, que conclui o mandato ainda neste mês, são apresentadas como sendo candidatas potenciais ao cargo.

Do R7 - O Portal de Notícias da Record

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