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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Israel perdeu batalha pela opinião pública

OPERAÇÃO DESASTRADA TIRA FOCO DA QUESTÃO IRANIANA, DIZEM ESPECIALISTAS OUVIDOS PELO R7

Dayanne Mikevis e Lucas Bessel, do R7

O saldo de nove mortes em uma operação das Forças Armadas de Israel contra a chamada “frota da liberdade”, na última segunda-feira (31), representou uma derrota para o país diante da opinião pública internacional, disseram nesta quarta-feira (2) especialistas ouvidos pelo R7. O incidente também desviou o foco de uma das questões que mais interessam aos israelenses: o programa nuclear iraniano.

O professor Samuel Feldberg, do Instituto de Relações Internacionais da USP (Universidade de São Paulo), disse que mesmo a opinião pública israelense condenou a ação. Ao ser questionado sobre a dimensão do dano, ele afirmou que foi uma “catástrofe”.

- Total, no Brasil e no mundo. Do ponto de vista da batalha pela opinião pública ela foi uma catástrofe para os israelenses.

Feldberg ressaltou, no entanto, que Israel tem o direito de defender seu bloqueio à faixa de Gaza. O problema foi a maneira como isso foi feito e a repercussão do fato, que pode alterar o quadro político israelense.

- A forma de abordagem atende a uma parcela mais radical essencial para a coalizão de governo. A situação, após o fato, já mudou e deve mudar.

Para Hillel Frisch, analista político e militar da Universidade Bar-Ilan, em Israel, o país sabe que o dano diante a opinião pública internacional é praticamente irreversível.

- Israel vai ter que conviver com a opinião pública negativa, como já teve que fazer em outras ocasiões. Nesse caso, no entanto, a repercussão foi muito maior.

Apesar de a maioria dos países terem condenado a ação israelense, Frisch acredita que o quadro não deve mudar a postura do país diante do bloqueio a Gaza.

- O governo vai manter a posição e acho que não vai permitir que outros barcos com ajuda humanitária cheguem à região. Israel sabe do histórico de embarcações que já carregaram armas para militantes do Hamas (grupo radical islâmico) em Gaza.

IRÃ PODE SAIR GANHANDO COM EPISÓDIO


O bloqueio de Israel à faixa de Gaza ocorre desde junho de 2007, quando, pela força, o Hamas, que nega o direito à existência do Estado de Israel, tomou o poder na região. O grupo tem como um dos seus maiores apoiadores o Irã. Para Feldberg, não é possível descartar o envolvimento de alguns dos ativistas com os iranianos.

- O Irã ganhou nessa história porque saiu totalmente do foco. Do ponto de vista de Israel e dos Estados Unidos, o maior dano dessa história pode ter sido esse.

Para Frisch, o episódio pode alterar significativamente o quadro geopolítico do Oriente Médio. O israelense concorda que o Irã pode sair ganhando com a ação desastrada dos militares israelenses.

- O principal dano para Israel, do meu ponto de vista, é que o episódio pode gerar uma aliança entre a Turquia e o Irã. Os dois países tê muito poder e muita influência na região, e a Turquia sempre foi um dos poucos aliados muçulmanos de Israel.

ATIVISTAS SABIAM DO RISCO


Para os especialistas entrevistados pelo R7, os ativistas da "frota da liberdade" sabiam dos riscos que corriam ao tentar quebrar o bloqueio à faixa de Gaza. O professor da USP diz que os militantes arriscaram suas vidas.

- Os líderes sabiam do risco e arriscaram vidas em seu objetivo de chamar a atenção para Gaza.

Antes do incidente com a chamada “frota da liberdade”, Israel propôs que os donativos fossem entregues a instituições que já atuam na ajuda humanitária em Gaza, mas os ativistas recusaram. Feldberg destaca que as autoridades israelenses entregam o combustível necessário para o consumo da região. O embaixador de Israel no Brasil, Giora Becher, ao prestar esclarecimentos a autoridades brasileiras na última segunda-feira (31), negou que haja uma crise humanitária em Gaza.

As autoridades israelenses também informaram que nenhum dos artigos doados está em falta na região.

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