terça-feira, 3 de agosto de 2010

Internacional: ONU acaba revisão de lista de membros do Taliban e Al Qaeda

O Afeganistão afirmava que a retirada de nomes da lista estimularia os insurgentes a participarem do governo

Louis Charbonneau, da Reuters

Uma comissão do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) retirou 45 nomes da sua lista negra de membros do Taliban e Al Qaeda, algo que o Afeganistão pleiteava para facilitar as negociações com insurgentes, informou nesta segunda-feira um diplomata.

O comitê do Conselho de Segurança que cuida das sanções aos dois grupos islâmicos, criado em 1999, começou há dois anos a revisar os 488 indivíduos e entidades que faziam parte dessa lista em meio a críticas de que havia sanções injustas ou contra pessoas já mortas.

A presença nessa relação implica congelamento de bens, proibição de viagens e embargo armamentista. Após a revisão, a lista encolheu quase 10 por cento, segundo Thomas Mayr-Harting, embaixador da Áustria e presidente da comissão.

Segundo ele, dez beneficiários da revisão são militantes do Taliban, e 35 tinham relações com a Al Qaeda, sendo 14 indivíduos e 21 empresas e entidades.

O Afeganistão afirmava que a retirada de nomes da lista estimularia os insurgentes a participarem do governo. Uma recente "Jirga (assembleia) da Paz" no Afeganistão recomendou negociações com líderes moderados do Taliban e com outros militantes, visando o fim de uma guerra que já dura nove anos.

O presidente afegão, Hamid Karzai, pleiteava a retirada de 20 talibans da lista por terem aderido ao governo ou morrido.

Mas a Rússia, que participa da comissão junto com os demais 14 membros do Conselho, foi cautelosa na retirada dos nomes, segundo diplomatas da ONU. A Rússia teme o avanço do fundamentalismo islâmico e do narcotráfico ligado ao Taliban na sua vizinhança.

Dos 20 talibans que Karzai queria beneficiar, cinco foram tirados da lista em janeiro, e outros cinco na semana passada. O governo afegão ainda não se manifestou sobre a decisão.

Mayr-Harting disse ainda que a maioria dos outros dez talibans defendidos por Karzai continuará sob sanções. O diplomata do Conselho de Segurança disse ainda que dois casos estão pendentes e podem sair daquela relação.

Entre os 35 nomes retirados da lista da Al Qaeda há sete empresas chamadas Barakaat, com sede nos Estados Unidos e na Suécia, além de oito indivíduos mortos. Mas ainda restam cerca de 30 pessoas falecidas que fazem parte dela.

"Precisamos ter provas convincentes de que elas estão mesmo mortas", disse Mayr-Harting, acrescentando que a comissão precisa saber também o que aconteceria com os bens descongelados.

Segundo ele, indivíduos vivos precisam provar que renunciaram à violência, depuseram armas, aceitaram a Constituição afegã e romperam todos os vínculos com grupos extremistas.

A revisão manteve 443 nomes na lista --132 do Taliban e 311 da Al Qaeda--, mas 66 casos ainda estão pendentes, segundo o diplomata. No entanto, ele avalia que, de agora em diante, poucos nomes deixarão de fazer parte da lista negra. "Não seria realista esperar grandes mudanças", declarou.

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