Jornalista judia cresceu onde pastor queimará Alcorão; antissemitismo virou islamofobia
Maurício Moraes, do R7
Foto: Daemmrich - 1982/AP
A jornalista Mya Guarnieri lembra de sua cidade natal, Gainesville, na Flórida, como uma típica localidade americana – casas sem cerca, grandes piscinas e triciclos nas calçadas. Isso até o pastor Terry Jones anunciar um dia de queima do Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos.A queima do livro sagrado dos muçulmanos havia sido marcada para este sábado, quando os americanos lembram o atentado ao World Trade Center, em Nova York, e à sede do Pentágono.
Mesmo após dizer que definitivamente não queimará exemplares do Alcorão, o pastor até então pouco conhecido provocou uma onda de protestos pelo mundo, que causou até mesmo a morte de uma pessoa no Afeganistão nesta sexta-feira (10). Pressionado pelo presidente dos EUA, Barack Obama, e por líderes militares e político em todo o mundo, Jones acabou desistindo da ideia.
A notícia fez Mya, que é de origem judaica e vive atualmente em Tel Aviv, Israel, lembrar que sua cidade tinha mais do que lindas piscinas e casarões ajardinados. Na escola, seus colegas cristãos, protestantes na maioria, tentavam convencê-la a deixar o judaísmo e se converter ao cristianismo. O pai de um amigo seu era inclusive membro do grupo racista Ku Klux Klan.
Na época, os judeus ainda eram um dos principais alvos do preconceito americano, diz a jornalista. Com o tempo, o grupo foi assimilado e os muçulmanos, que engrossam a lista dos atuais imigrantes nos EUA, entraram na mira dos fundamentalistas. Sobretudo após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
Para Mya, o preconceito persiste, mas o antissemitismo (termo usado geralmente para descrever o preconceito contra os judeus) deu agora lugar à islamofobia (a aversão aos muçulmanos).
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