Segundo monitor, o recorde atual deve ser superado no domingo
Kátia Brasil, Folha.com
Mesmo com uma chuva torrencial, o nível do rio Negro, em Manaus, atingiu neste sábado a marca de 13,69 m, faltando 5 cm para a quebra do recorde histórico de maior vazante (baixa das águas).
Segundo Valderino Silva, que há 40 anos faz o monitoramento da hidrologia do Negro no Porto de Manaus, o atual recorde --de 13,64 m, registrado em 1963-- deve ser superado no domingo (24), quando nova medição será feita de manhã.
Silva afirmou há pouco que, em 30 de outubro de 1963, o nível do rio caiu de um dia para o outro 2 cm.
Neste ano, devido à seca acentuada, nos últimos dois dias, o nível do rio Negro desceu 11 cm. "Considerando esses valores diários e dizendo que faltam apenas 5 cm para acontecer isso daí, é certeza absoluta que essa cota de 1963 será ultrapassada [hoje]", disse Silva.
A baixa inédita do rio Negro é consequência de uma estiagem extrema na região central da Amazônia. No oeste do Estado, o rio Solimões atingiu sua maior baixa no dia 11, marcando -86 cm, a mais baixa desde 1982, quando foi criada a estação de monitoramento do Serviço Geológico do Brasil.
Como Manaus, na região também começou a chover, mas as precipitações não são suficientes para aumentar a navegabilidade dos igarapés e lagos, que dão acesso aos grandes rios.
A falta de água potável e o isolamento são os maiores problemas para a população ribeirinha. No Amazonas, 37 dos 62 municípios decretação situação de emergência. Uma cidade decretou a calamidade pública. São 66 mil famílias afetadas pela vazante no Estado.
Para Silva, que todos os dias usa uma canoa para medir o nível do rio Negro, tudo é reflexo da ação humana. A medição é realizada desde 1902, quando o porto de Manaus era administrado por uma companhia inglesa.
"Os cientistas estão brigando entre si, mas quem gosta da natureza está vendo que ela está sendo degradada, e isso tem influenciado na floresta, é uma coisa assombrosa", disse.
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