Veja quadro futuro sobre traumas, carreira profissional incerta, luta das famílias na Justiça, indústria de mineração chilena
BBC Brasil
Foto: AP
Passada a euforia do resgate dos mineiros no Chile, começam os questionamentos quanto ao futuro dos 33 operários, de suas famílias e do setor de mineração chileno.
A BBC preparou uma série de perguntas e respostas sobre as questões que pairam sobre o grupo resgatado, sobre os demais trabalhadores da mina San José e sobre a indústria mineradora.
O que será dos 33?
Sem querer, os mineiros passaram de trabalhadores anônimos a celebridades midiáticas. O futuro imediato lhes reserva casamentos, férias, propostas na TV, na literatura e no esporte.
Psicólogos chamam atenção para as possíveis consequências do episódio vivido pelos homens, como estresse pós-traumático e impactos da fama inesperada. “É provável que alguns mineiros experimentem uma mudança em seu estilo de vida, no trabalho e nas relações afetivas”, disse à BBC Mundo Pedro Arcos González, diretor da unidade de pesquisas em emergência e desastres da Universidade de Oviedo, na Espanha.
O risco de que sofram de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) também existe: o indivíduo “revive” com lembranças e pensamentos a situação traumática e disso podem derivar sintomas físicos, como insônia e irritabilidade. “O problema pode se desenvolver de forma aguda, que pode durar de dois a três meses e desaparecer, ou crônica, que requer apoio psiquiátrico ou psicológico de longo prazo”, diz González.
Eles serão capazes de trabalhar em uma mina novamente?
Isto dependerá das necessidades de cada um e de sua força psicológica, o que vai variar entre os mineiros. Alguns já adiantaram que pretendem abandonar a mineração. A porta-voz da Presidência do Chile, Ena Von Baer, disse que o governo vai ajudar na recolocação profissional dos 33 e o Parlamento chileno discute possibilidade de aprovar uma pensão aos mineiros.
O que vai acontecer com os demais trabalhadores da mina San José?
Desde que a mina deixou de operar, cerca de 300 trabalhadores ficaram sem emprego. O mal-estar entre os empregados da mineradora San Esteban, que é dona da mina San José, ficou mais claro depois que a empresa anunciou sua intenção de pedir falência, o que deixa dúvidas quanto a quem arcará com os custos do resgate e com suas obrigações trabalhistas.
Os bens da San Esteban estão congelados pela Justiça chilena, e até 23 de outubro a empresa deve anunciar se poderá ou não pagar seus credores.
O presidente do Chile, Sebastián Piñera, disse que a mina de San José não será reaberta até que garanta a segurança dos trabalhadores.
O que pleiteiam as famílias?
As famílias dos mineiros moveram processo de US$ 12 milhões contra a mineradora San Esteban.
A mina fora fechada em 2007 por uma explosão acidental, que resultou na morte de um trabalhador, e acabou sendo reaberta um ano depois.
A reabertura foi alvo de críticas dos advogados dos familiares, que alegam negligência por parte de fiscais estatais e da mineradora.
No acidente do dia 5 de agosto, quando acesso à mina foi bloqueado, os 33 mineiros soterrados não puderam sair porque o duto que supostamente serviria como via de escape não contava com as escadas necessárias.
O que ocorrerá à indústria de mineração chilena?
O acidente da mina San José evidenciou a necessidade de fiscalizar e garantir a segurança na atividade mineradora, importante motor da economia chilena.
Especialistas afirmam que a legislação do setor, de 1983, é suficientemente forte quanto à segurança de operários, mas advertem que a fiscalização das normas é insuficiente. Imediatamente após o acidente do dia 5 de agosto, críticas ao despreparo do governo forçaram Piñera a demitir o diretor do Serviço Nacional de Geologia e Mineração, entidade reguladora do setor.
As minas pequenas e médias sentiram o impacto do acidente, já que o governo foi pressionado a fechar dezenas de projetos alegando problemas de segurança. Investidores do setor acusaram Piñera de “caça às bruxas” para encobrir erros cometidos no caso da mina San José.
Mas, mesmo que esses pequenos empreendimentos sejam fechados em definitivo, é pouco provável que haja efeitos sobre o fornecimento chileno ao mercado mundial, já que o grosso de sua produção vem das grandes mineradoras.
Por outro lado, os mineiros chilenos estão entre os mais bem remunerados da América Latina e alguns chegam a receber bônus de US$ 25 mil por contratos com empresas de grande porte.
As famílias dos mineiros moveram processo de US$ 12 milhões contra a mineradora San Esteban.
A mina fora fechada em 2007 por uma explosão acidental, que resultou na morte de um trabalhador, e acabou sendo reaberta um ano depois.
A reabertura foi alvo de críticas dos advogados dos familiares, que alegam negligência por parte de fiscais estatais e da mineradora.
No acidente do dia 5 de agosto, quando acesso à mina foi bloqueado, os 33 mineiros soterrados não puderam sair porque o duto que supostamente serviria como via de escape não contava com as escadas necessárias.
O que ocorrerá à indústria de mineração chilena?
O acidente da mina San José evidenciou a necessidade de fiscalizar e garantir a segurança na atividade mineradora, importante motor da economia chilena.
Especialistas afirmam que a legislação do setor, de 1983, é suficientemente forte quanto à segurança de operários, mas advertem que a fiscalização das normas é insuficiente. Imediatamente após o acidente do dia 5 de agosto, críticas ao despreparo do governo forçaram Piñera a demitir o diretor do Serviço Nacional de Geologia e Mineração, entidade reguladora do setor.
As minas pequenas e médias sentiram o impacto do acidente, já que o governo foi pressionado a fechar dezenas de projetos alegando problemas de segurança. Investidores do setor acusaram Piñera de “caça às bruxas” para encobrir erros cometidos no caso da mina San José.
Mas, mesmo que esses pequenos empreendimentos sejam fechados em definitivo, é pouco provável que haja efeitos sobre o fornecimento chileno ao mercado mundial, já que o grosso de sua produção vem das grandes mineradoras.
Por outro lado, os mineiros chilenos estão entre os mais bem remunerados da América Latina e alguns chegam a receber bônus de US$ 25 mil por contratos com empresas de grande porte.
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