Francisco Cembranelli acusa homem de participar de morte de prefeito
Kleber Tomaz, G1 SP
Foto: Daigo Oliva/G1
O promotor Francisco Cembranelli, que atuou no caso Isabella Nardoni, vai participar agora de um outro caso de repercussão nacional: o que apura o assassinato de Celso Daniel, prefeito de Santo André pelo PT. Cembranelli, que no primeiro semestre obteve a condenação do casal Nardoni pela morte da menina Isabella em 2008, vai participar do primeiro julgamento do caso Celso Daniel, previsto para começar na quinta-feira (18) no Fórum de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, onde o político foi morto no início de 2002.
Cembranelli fará a sustentação oral da Promotoria contra um dos sete réus acusados de matar o então prefeito no júri popular. O promotor vai atuar contra Marcos Roberto Bispo dos Santos, que será o primeiro acusado a sentar no banco dos réus após nove anos.
Marcos é apontado pelo Ministério Público como integrante do grupo que matou a tiros Celso Daniel em 18 de janeiro de 2002. Ele é acusado de guiar o Santana que fechou a Pajero de Daniel. Segundo o Ministério Público, Marcos confessou sua participação ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Na Justiça, ainda na fase de instrução do processo, ele deu outra versão e negou seu envolvimento.
Segundo informou a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo, por enquanto, só Marcos irá a júri porque os outros sete réus ainda têm recursos da sentença de pronúncia para serem apreciados pelos desembargadores do TJ-SP. Não há previsão para quando isso irá ocorrer. Por esse motivo, existe a possibilidade de os demais acusados só serem julgados em 2011.
Os réus respondem por homicídio duplamente qualificado - motivo torpe e sem chance de defesa da vítima. São eles: Marcos dos Santos; Sergio Gomes da Silva, o Sombra; José Edson da Silva; Elcyd Brito; Ivan Rodrigues; Rodolfo Oliveira e Itamar dos Santos.
O advogado Adriano Marreiro dos Santos, que defende Marcos dos Santos, irá pedir o adiamento do julgamento, alegando que seu cliente não foi intimado oficialmente para o júri. “Não consegui contato com meu cliente e sei que ele não foi intimado oficialmente. Por este motivo, vou pedir o adiamento”, disse o defensor ao G1.
Cembranelli
De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério Público, Cembranelli foi designado pelo procurador-geral Fernando Grella para atuar no caso Celso Daniel em conjunto com outros promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e de Itapecerica.
“Farei a sustentação oral. São vários promotores que participam do caso. Como o processo é longo, outros colegas trabalharam”, disse Cembranelli nesta terça-feira (16) por telefone ao G1.
“Só há uma versão que foi investigada. Ela foi apurada, apresentada pelo MP. Inicialmente começou como crime contra o patrimônio, mas a investigação chegou a outras conclusões. Provas foram refeitas no juízo. Agora o caso envolve crime de homicídio qualificado e a competência do júri é de Itapecerica”, explicou o promotor.
Cembranelli não quis dar mais detalhes sobre o caso. “A motivação do crime e outros dados prefiro responder depois”, disse o promotor, se referindo à entrevista coletiva que dará no início da tarde desta terça na sede do Ministério Público, no Centro de São Paulo.
O caso
Celso Daniel foi morto em 2002, após ser sequestrado em 18 de janeiro daquele ano. O corpo do prefeito foi achado após dois dias, baleado em uma estrada de terra em Itapecerica. Para o Ministério Público, o prefeito foi assassinado porque tentou acabar com um suposto esquema de corrupção na prefeitura. O irmão do político, o médico João Francisco Daniel, chegou a declarar que foi avisado que dinheiro de corrupção ia para o Partido dos Trabalhadores antes do crime.
A promotoria ainda argumenta que o então prefeito o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, foi o mandante do crime. Ele foi segurança e assessor do prefeito.
Segundo a denúncia, quando Celso Daniel foi capturado, os dois estavam juntos, voltando de um jantar. Sombra dirigia a Pajero do prefeito em uma rua da periferia de São Paulo, quando um bando os cercou. Daniel foi abordado por homens armados que o levaram.
Na sentença de pronúncia, o juiz Antonio Hristov, de Itapecerica, afirma haver indícios contra Sombra. Marcos é acusado de guiar o Santana que fechou a Pajero de Daniel. Segundo o Ministério Público, ele confessou sua participação ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Na Justiça, ainda na fase de instrução do processo, ele negou seu envolvimento.
O G1 não conseguiu localizar o advogado Roberto Podval, que defende Sombra, para comentar o assunto. Em outras entrevistas, o defensor alegou que seu cliente é inocente das acusações.
Podval é o mesmo advogado que defendeu Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá no caso Isabella. A reportagem também não achou os outros defensores dos demais réus.
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