Candidatos para o cargo de diretor-geral foram selecionados após uma semana de sondagens; escolhido só será conhecido após o Natal
Vannildo Mendes, de O Estado de S. Paulo
O futuro ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, entregou à presidente eleita Dilma Rousseff uma lista tríplice com os nomes dos mais cotados para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal, em substituição ao delegado Luiz Fernando Corrêa. A decisão, porém, ficou para depois do Natal.
A Polícia Federal é uma das instituições mais sensíveis da máquina federal e terá papel central no plano nacional de segurança pública do novo governo. Cardozo filtrou os nomes após uma semana de sondagens à própria PF, ao Ministério da Justiça - ao qual o órgão é vinculado - e aos ex-ministros Márcio Thomaz Bastos e Tarso Genro.
As consultas incluíram também as corporações que integram a carreira do órgão, como a Associação dos Delegados Federais (ADPF) e a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef). Incluíram ainda entrevistas individuais com os seis candidatos mais cotados para ocupar a vaga de Corrêa.
Foram entrevistados os delegados Ildo Gasparetto (superintendente no Rio Grande do Sul), Leandro Coimbra (superintendente em São Paulo), Roberto Troncon Filho (diretor de Combate ao Crime Organizado), Geraldo José de Araújo (secretário de Segurança do Pará), Valdinho Jacinto Caetano (corregedor-geral) e Luiz Pontel de Souza (diretor executivo, designado pela PF para substituir Paulo Lacerda como adido policial em Portugal).
Nas conversas com a direção do órgão, Cardozo deixou claro que a PF terá papel crucial na política de segurança do governo. A orientação será uma síntese das duas gestões anteriores, evitando seus erros. Adotará o ímpeto das grandes operações anticorrupção do delegado Paulo Lacerda (2003-2007) e usará o modelo de gestão da administração de Corrêa.
Uma nova unidade contra desvio de verbas públicas estará ligada à diretoria Fazendária e atuará em articulação com Controladoria Geral da União (CGU), Tribunal de Contas da União (TCU), Receita Federal e outros órgãos de fiscalização e controle de gastos da União. Terá caráter repressivo e papel preventivo.
Cardozo apoiou os principais pontos da reestruturação. Um deles permite maior poder e autonomia aos agentes, que devem passar a ocupar cargos de chefia e até de direção na nova estrutura administrativa, hoje prerrogativa apenas de delegados.
O novo ministro receberá uma PF com máquina calibrada e maior produtividade nos inquéritos e operações, que agora é avaliada com base em um modelo gerencial construído em parceria com a Fundação Getúlio Vargas. Graças a esse modelo, implantado há dois anos, o estoque de inquéritos caiu à metade. As cobranças aumentaram e policiais negligentes têm sido alvo de sindicâncias na Corregedoria, comandada por Caetano.
Mas ele também receberá problemas crônicos. A PF ainda é uma federação de corporações em choque de interesses entre si. De um lado, agentes reclamam da postura imperial dos delegados. De outro, a política de mérito ainda não decolou e as demais carreiras permanecem sem espaços de poder na hierarquia. Os peritos, por sua vez, reclamam maior autonomia na produção de laudos.
Gasparetto é tido como favorito porque tem como padrinho o governador eleito do Rio Grande do Sul, Tarso Genro. Troncon tem boa biografia, mas integra uma diretoria criticada pela base da categoria. Pontel é eficiente e discreto, qualidades apreciadas pelo novo ministro. Caetano, que já foi superintendente no Rio, e Araújo, que conheceu Cardozo há seis anos, em São Paulo, também estão no páreo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário