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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Mundo | Ministros tunisianos mantidos no governo renunciam um dia após nomeação

Permanência de membros do antigo regime alimentou ira de tunisianos

AFP
 
Foto: Fred Dufour/AFP
Quatro ministros do novo governo de união nacional tunisiano renunciaram nesta terça-feira (18), no dia seguinte a sua formação, depois que milhares de manifestantes protestaram contra a manutenção desta equipe de membros do antigo regime.
 
Ao mesmo tempo, o movimento islâmico Ennahda (Renascimento), perseguido pelo regime do presidente Zine el Abidine ben Ali, anunciou sua intenção participar das eleições legislativas previstas para antes de meados de julho.
 
Em Túnis, manifestantes foram dispersos pela polícia no centro da cidade cercado pelas tropas de ordem que, pela manhã, revistavam pedestres e carros.
 
Três ministros que renunciaram pertencem à União Geral dos Trabalhadores Tunisianos (UGTT) e o quarto integrava o Foro Democrático para o Trabalho e as Liberdades (FDLT).
 
Houssine Dimassi, nomeada nesta segunda-feira (17) ministra da Formação e do Emprego, confirmou sua saída do governo.
 
- Nós nos retiramos do governo a pedido de nosso sindicato.
 
Os outros dois ministros, segundo Houssine, são Abdeljelil Bédoui (sem pasta) e Anouar Ben Gueddour (Transporte e Equipamentos). 

Partido de ministros que renunciaram participou da revolução
 
O UGTT, potência central sindical, desempenhou um papel crucial nas manifestações que provocaram a queda do presidente Ben Ali, que fugiu do país no dia 14 janeiro, após 23 anos no poder. Ele está refugiado na Arábia Saudita.
 
Os atos de violência que acompanharam a chamada Revolução do Jasmim fizeram 78 mortos e 94 feridos, segundo autoridades.
 
O UGTT anunciou igualmente que o partido não reconhecia o novo governo do primeiro-ministro Mohammed Ghannouchi, cuja maioria dos membros pertence à União Constitucional Democrática (RCD), partido do presidente deposto Ben Ali. 

Ghannouchi mantém ministros e gera ira de tunisianos
 
Ghannouchi formou o gabinete de 24 membros, com três figuras de oposição legal, mas também - além do presidente do conselho - sete ministros do antigo regime. Esses ministros conservaram as pastas-chave, como Interior, Defesa, Relações Exteriores e Finanças.
 
Com isso, a manutenção alimentou a ira de milhares de tunisianos, que manifestaram no centro de Túnis e em outras regiões, como Sfax (centro-leste), segunda maior cidade do país.
 
O primeiro-ministro Ghannouchi tentou justificar sua escolha nesta terça-feira na rádio francesa Europe 1, garantindo que os ministros mantidos em seu governo têm "as mãos limpas" e "uma grande competência".

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