Líderes dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha não apoiaram abertamente saída de Mubarak
BBC Brasil
Multidão bloqueou passagem de tanques em praça no centro do Cairo
Em um telefonema realizado neste domingo, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, discutiram a importância de uma transição ordenada para um regime mais democrático no Egito.
Segundo o gabinete do primeiro-ministro britânico, apesar de tratarem de transição e reformas, Obama e Cameron não expressaram apoio às demandas dos manifestantes egípcios, que exigem a saída imediata do presidente Hosni Mubarak.
Os dois líderes também concordaram que a resposta do governo egípcio aos manifestantes deve ocorrer de forma pacífica.
Já a Casa Branca informou neste domingo que Obama realizou, nos últimos dois dias, contatos por telefone com líderes de Israel, Turquia e Arábia Saudita, além da Grã-Bretanha, para discutir a crise no Egito.
Mais cedo, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse em entrevista à TV ABC que espera uma "transição ordenada" no Egito, mas admitiu que este processo é longo e complicado.
"Democracia, direitos humanos e reforma econômica são os maiores interesses do povo egípcio", disse Hillary. "Qualquer governo que não tente se mover nesta direção não pode alcançar o interesse legítimo do povo."
"Nós queremos ver estas reformas e um processo de diálogo nacional para que o povo do Egito possa ver as suas preocupações legítimas sendo consideradas", afirmou ela.
Aceitação
O editor da BBC para a América do Norte Mark Mardell acredita que as afirmações da secretária de Estado são um sinal de que o governo Obama está seguindo o caminho de aceitar, embora sem endossar abertamente, a saída de Mubarak do poder.
Autoridades americanas começaram neste domingo a organizar uma operação com aeronaves para a retirada de todos os cidadãos americanos do Egito. Inicialmente, a operação contaria apenas com os funcionários não-essenciais da diplomacia do país.
A Turquia também vai enviar aviões ao Egito para a retirada de seus cidadãos.
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, afirmou que Israel está acompanhando atentamente os eventos no Egito e que espera manter relações pacíficas com o vizinho árabe.
De acordo com autoridades palestinas, a passagem de Rafah, entre o Egito e o sul da Faixa de Gaza está fechada.
Violência
A violência aumentou no sexto dia de manifestações contra Hosni Mubarak. A multidão reunida na praça Tahrir, no centro do Cairo, bloquearam a passagem de uma coluna de tanques do exército que foram ao local para conter as manifestações.
O toque de recolher voltou a ser desafiado pelos integrantes dos protestos. Confrontos também ocorreram em Alexandria.
Já em um discurso feito na praça Tahrir, o líder da oposição e prêmio Nobel da Paz Mohammed ElBaradei pediu neste domingo que o presidente do Egito, Hosni Mubarak, deixe o poder imediatamente.
"Eu me curvo ao povo do Egito em respeito. Eu peço a vocês paciência, a mudança está chegando nos proximos dias", disse ele, usando um megafone.
Os choques entre manifestantes e forças de segurança já teriam deixado cerca de cem mortos desde o início dos protestos na terça-feira. Cerca de 2 mil pessoas ficaram feridas nos choques ocorridos no Cairo, Suez e Alexandria.
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