"Vamos permitir que essa comissão veja o que se passa no terreno, sem nenhum obstáculo", disse o ditador
Agências de Notícias
Foto: Hussein Malla/AP
O ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, declarou, em uma entrevista publicada na edição de domingo do jornal francês "Le Journal du Dimanche", que aceitaria o envio de uma comissão investigadora da ONU (Organização das Nações Unidas) ou da União Africana para avaliar a situação de seu país, palco há 19 dias de revoltas que pedem o fim de seu regime.
"Para começar, quero que uma equipe de investigadores das Nações Unidas ou da União Africana venha aqui na Líbia", afirmou o mandatário, há 42 anos no poder. "Vamos permitir que essa comissão veja o que se passa no terreno, sem nenhum obstáculo."
Gaddafi realiza uma violenta repressão contra opositores antirregime --a mais ferrenha entre os países que têm sido atingidos pela onda de protestos no mundo árabe.
Na última quinta-feira, o promotor-geral do Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, Luis Moreno Ocampo, afirmou que irá investigar o ditador e seu círculo mais próximo --incluindo alguns de seus filhos-- por possíveis crimes contra a humanidade que teriam sido cometidos no país.
Na opinião do líder líbio, o Conselho de Segurança da ONU --que aprovou, no último dia 26, sanções que incluem a proibição das viagens de Gaddafi e o congelamento de seus bens e condena a repressão-- "não tem competência em assuntos internos de um país".
"Se quer intervir, que envie uma comissão investigadora, repito que isso eu apoio. Enquanto isso, sua resolução [que aplica as sanções] é nula e sem efeito aos meus olhos, ao menos até que uma comissão de investigação séria e independente venha verificar as coisas no terreno", afirmou.
Na entrevista ao jornal francês, Gaddafi voltou a dizer que está envolvido em uma luta contra o terrorismo e expressou consternação por não estar tendo apoio no exterior.
"Estou surpreso que ninguém entenda que isso é uma luta contra o terrorismo", disse. "Nossos serviços de segurança cooperam. Temos ajudado muito vocês nos últimos anos. Então, por que quando estamos lutando contra o terrorismo aqui na Líbia, ninguém nos ajuda de volta?"
A publicação da entrevista pelo jornal francês ocorre após um dia de intensos confrontos na Líbia, quando forças leais ao ditador lançaram uma violenta ofensiva contra a cidade de Zawiyah, localizada a apenas 50 quilômetros da capital, Trípoli, e controlada por rebeldes. Os ataques podem ter deixado mais de cem mortos.
Por outro lado, opositores, que já controlam o leste, consolidaram seu poder sobre o porto petrolífero de Ras Lanuf, e avançam agora rumo a Sirte, cidade natal de Gaddafi.
Os episódios de violência deste sábado deram novos sinais de que a disputa pelo controle do território líbio pode durar semanas ou até meses, aproximando cada vez mais de uma guerra civil. O governo luta para manter seu controle sobre Trípoli e áreas ao redor da capital, enquanto os rebeldes tentam levar sua ofensiva para o oeste.
A ofensiva deste sábado em Zawiya, uma cidade de cerca de 200 mil habitantes, começou com forças pró-Gaddafi usando morteiros e metralhadores em um ataque-surpresa ao amanhecer.
Testemunhas que falaram à agência de notícias Associated Press afirmaram que os morteiros danificaram prédios do governo e residências. O confronto gerou uma série de incêndios, criando uma densa nuvem preta de fumaça sobre a cidade.
Também há relatos de que atiradores estavam disparando contra qualquer pessoa que estivesse na rua, inclusive em varandas.
"Os tanques estão por todos os lados da cidade e disparam contra as casas. Vi passar sete diante da minha casa. Os tiros não param", afirmou um habitante da cidade à agência de notícias France Presse. "Rezem por nós", completou, antes da ligação ser cortada bruscamente.
O portal de oposição Al Manara informou que 40 tanques entraram em Zawiya e abriram fogo contra as residências.
Um médico local afirmou que as forças pró-Gaddafi perpetraram "um massacre". "É um verdadeiro massacre. A situação é catastrófica. Mataram muita gente. Mataram minha filha", declarou a fonte, antes de começar a chorar. "Não quero dizer mais nada", concluiu.
Relatos feitos por rebeldes indicam divergências no número de mortos, que poderia variar de sete até 200. Não há como confirmar independentemente estes números.
"Para começar, quero que uma equipe de investigadores das Nações Unidas ou da União Africana venha aqui na Líbia", afirmou o mandatário, há 42 anos no poder. "Vamos permitir que essa comissão veja o que se passa no terreno, sem nenhum obstáculo."
Gaddafi realiza uma violenta repressão contra opositores antirregime --a mais ferrenha entre os países que têm sido atingidos pela onda de protestos no mundo árabe.
Na última quinta-feira, o promotor-geral do Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, Luis Moreno Ocampo, afirmou que irá investigar o ditador e seu círculo mais próximo --incluindo alguns de seus filhos-- por possíveis crimes contra a humanidade que teriam sido cometidos no país.
Na opinião do líder líbio, o Conselho de Segurança da ONU --que aprovou, no último dia 26, sanções que incluem a proibição das viagens de Gaddafi e o congelamento de seus bens e condena a repressão-- "não tem competência em assuntos internos de um país".
"Se quer intervir, que envie uma comissão investigadora, repito que isso eu apoio. Enquanto isso, sua resolução [que aplica as sanções] é nula e sem efeito aos meus olhos, ao menos até que uma comissão de investigação séria e independente venha verificar as coisas no terreno", afirmou.
Na entrevista ao jornal francês, Gaddafi voltou a dizer que está envolvido em uma luta contra o terrorismo e expressou consternação por não estar tendo apoio no exterior.
"Estou surpreso que ninguém entenda que isso é uma luta contra o terrorismo", disse. "Nossos serviços de segurança cooperam. Temos ajudado muito vocês nos últimos anos. Então, por que quando estamos lutando contra o terrorismo aqui na Líbia, ninguém nos ajuda de volta?"
A publicação da entrevista pelo jornal francês ocorre após um dia de intensos confrontos na Líbia, quando forças leais ao ditador lançaram uma violenta ofensiva contra a cidade de Zawiyah, localizada a apenas 50 quilômetros da capital, Trípoli, e controlada por rebeldes. Os ataques podem ter deixado mais de cem mortos.
Por outro lado, opositores, que já controlam o leste, consolidaram seu poder sobre o porto petrolífero de Ras Lanuf, e avançam agora rumo a Sirte, cidade natal de Gaddafi.
Os episódios de violência deste sábado deram novos sinais de que a disputa pelo controle do território líbio pode durar semanas ou até meses, aproximando cada vez mais de uma guerra civil. O governo luta para manter seu controle sobre Trípoli e áreas ao redor da capital, enquanto os rebeldes tentam levar sua ofensiva para o oeste.
A ofensiva deste sábado em Zawiya, uma cidade de cerca de 200 mil habitantes, começou com forças pró-Gaddafi usando morteiros e metralhadores em um ataque-surpresa ao amanhecer.
Testemunhas que falaram à agência de notícias Associated Press afirmaram que os morteiros danificaram prédios do governo e residências. O confronto gerou uma série de incêndios, criando uma densa nuvem preta de fumaça sobre a cidade.
Também há relatos de que atiradores estavam disparando contra qualquer pessoa que estivesse na rua, inclusive em varandas.
"Os tanques estão por todos os lados da cidade e disparam contra as casas. Vi passar sete diante da minha casa. Os tiros não param", afirmou um habitante da cidade à agência de notícias France Presse. "Rezem por nós", completou, antes da ligação ser cortada bruscamente.
O portal de oposição Al Manara informou que 40 tanques entraram em Zawiya e abriram fogo contra as residências.
Um médico local afirmou que as forças pró-Gaddafi perpetraram "um massacre". "É um verdadeiro massacre. A situação é catastrófica. Mataram muita gente. Mataram minha filha", declarou a fonte, antes de começar a chorar. "Não quero dizer mais nada", concluiu.
Relatos feitos por rebeldes indicam divergências no número de mortos, que poderia variar de sete até 200. Não há como confirmar independentemente estes números.
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