As famílias das vítimas querem lutar contra a violência no ambiente escolar
Agência Brasíl
Foto: Futura Press
A falta de segurança nas escolas públicas levou os pais de alunos mortos no massacre da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, a criar a organização não governamental Anjos de Realengo, com objetivo de lutar contra a violência nas unidades educacionais do município. A entidade também defende os direitos dos parentes dos adolescentes mortos e feridos na tragédia.
"O nosso objetivo é cuidar da segurança nos colégios públicos e também cuidar das crianças que ficaram feridas não só fisicamente, mas também psicologicamente", disse a presidente da ONG, Adriana Maria da Silveira, mãe de Luísa Paula da Silveira Machado, estudante morta no massacre.
Na próxima sexta-feira, os pais dos alunos da Escola Tasso da Silveira vão se encontrar com o prefeito Eduardo Paes (PMDB) para tratar do problema da falta de segurança e da ajuda aos parentes das vítimas do massacre. Segundo eles, a Guarda Municipal não está presente todos os dias na entrada da escola, gerando um clima de insegurança nos alunos que, com medo, estão faltando às aulas.
A Secretaria Municipal de Assistência Social apoia os pais por meio do Programa Interdisciplinar de Apoio às Escolas Municipais (Proinape), que abrange psicólogos, pedagogos e assistentes sociais. O atendimento é feito em sete centros de assistência social nos bairro de Bangu e Realengo, com funcionamento de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 17h. A secretaria informou ainda que oferece transporte aos parentes das vítimas da residência até os centros de apoio.
Tragédia em Realengo
Um homem matou pelo menos 12 estudantes a tiros ao invadir a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, na manhã do dia 7 de abril de 2011. Wellington Menezes de Oliveira, 24 anos, era ex-aluno da instituição de ensino e se suicidou logo após o atentado. Segundo a polícia, o atirador portava duas armas e utilizava dispositivos para recarregar os revólveres rapidamente. As vítimas tinham entre 12 e 14 anos. Outras 18 ficaram feridas.
Wellington entrou no local alegando ser palestrante. Ele se dirigiu até uma sala de aula e passou a atirar na cabeça de alunos. A ação só foi interrompida com a chegada de um sargento da Polícia Militar, que estava a duas quadras da escola. Ele conseguiu acertar o atirador, que se matou em seguida. Em uma carta encontrada com ele, Wellington pediu perdão a Deus e deixou instruções para o próprio enterro - entre elas que nenhuma pessoa "impura" tocasse seu corpo.
Dias depois, a polícia divulgou fotos e vídeos em que o atirador aparece se preparando para o ataque durante meses. Em um deles, Wellington justificou o massacre por ter sido vítima de "bullying" praticado por "cruéis, covardes, que se aproveitam da bondade, da inocência, da fraqueza de pessoas incapazes de se defenderem". Na casa dele, foram encontradas diversas anotações que mostraram uma fixação pelos ataques de 11 de setembro de 2001. O atirador acabou enterrado como indigente 15 dias após o massacre, já que nenhum familiar foi ao Instituto Médico Legal (IML) liberar o corpo.
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