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domingo, 3 de julho de 2011

Regional | Renda do araraquarense cresce 28% em dez anos

Estudo da FGV atribui efeito a programas de distribuição de renda; para especialista, estabilidade econômica também ajudou

Richard Selestrino, Araraquara.com

Foto: Moisés Schini
Nos últimos dez anos, a renda do araraquarense cresceu 28%. Segundo a pesquisa "Os Emergentes dos Emergentes", elaborada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), atualmente, o ganho médio por pessoa, na cidade, está em R$ 1.118. Em 2000, o valor registrado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) corresponde a R$ 872 — valor atualizado pela reportagem com o auxílio de economistas, levando em conta a inflação acumulada em 101%, na última década, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
 
Na época, a renda média de R$ 436,50 do araraquarense correspondia a 2,9 salários mínimos. Hoje, o valor computado pela FGV corresponde a 2,01 salários. A diferença explica-se porque o salário mínimo valorizou-se 81% acima da inflação no período. 
 
Ranking 
 
Esse quadro coloca Araraquara na 67ª posição entre os cem municípios brasileiros com maior renda. No ranking estadual, a cidade está na 25ª posição, à frente de Rio Claro e Sumaré e a atrás da vizinha São Carlos, que teve posição ligeiramente superior, com renda média de R$ 1.173.
 
O ganho maior, segundo especialistas, reflete a melhora na distribuição de renda, que, na cidade, foi impulsionada pela ampliação da oferta de empregos.
 
De fato, na última década, o número de trabalhadores com carteira assinada cresceu quatro vezes mais que o total da população. Em 2000, de 182 mil habitantes, 41.361 eram empregados com carteira assinada. Atualmente, há 67.259 contratados formais entre 208 mil habitantes, segundo dados do Ministério do Trabalho e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 
Segundo a FGV, programas de transferência de renda, como a Bolsa Família, também contribuíram para este desempenho. 
 
Consumo consciente 
 
O professor de história Douglas Bortolani, de 31 anos, engrossa a lista dos moradores que passaram a ganhar mais. No entanto, ele acredita que o poder de compra aumentou menos que o custo de vida. "Os itens essenciais consomem cada vez mais a nossa receita. Por isso prefiro poupar para trocar a moto e comprar um terreno", diz. 
 
‘Bom momento econômico não elimina desafios’ 
 
Para o economista Valdemir Pires, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Araraquara segue uma tendência nacional originada com a "estabilidade" econômica trazida pelo Plano Real. "O Brasil avançou e Araraquara está caminhando junto", pontua.
 
Ele aponta, porém, que a cidade conta com certas particularidades que lhe garantem um desempenho diferenciado, como o crescimento de 170% na geração de novos postos de trabalho registrado nos cinco primeiros meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2010, mostrados em reportagem recente da Tribuna.
 
No município, o setor imobiliário movimenta cerca de R$ 300 milhões na economia local. Outro ponto positivo são os investimentos de grandes empresas, como Lupo S/A, Big Dutchman e o frigorífico Minerva.
 
Apesar disso, para o economista, existem problemas sociais e econômicos ainda a serem superados pela cidade, como a desigualdade na distribuição da renda. "Melhorar a renda não exclui os problemas e Araraquara tem todos os problemas comuns a uma cidade em processo de desenvolvimento", afirma.

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