Cidade | Jovens envolvidos em espancamento no Pronto Socorro vão a julgamento na próxima semana

Episódio ocorreu em outubro de 2010 e repercutiu pela mídia nacional

Marcel Rofeal, de Ribeirão Bonito

Fotos: Arquivos/BMR

Irão a julgamento na próxima sexta-feira (9), no Salão do Júri do Fórum da Comarca de Ribeirão Bonito, os quatro rapazes presos por envolvimento no episódio em que um jovem de 23 anos foi espancado dentro do Pronto Socorro Municipal, em outubro do ano passado. A audiência deve começar pela manhã, por volta das nove horas, e não tem horário para terminar. Em fevereiro, cerca de 30 testemunhas foram ouvidas pela Justiça em audiência que durou cerca de sete horas.

Na noite de 14 de outubro, Alaelson Santana de Queiroz, na época com 23 anos, assistia a uma partida de futsal no ginásio municipal “Dr. José Blota Júnior” quando se desentendeu com outros dois torcedores. Queiroz acabou esfaqueando um deles e foi perseguido por um grupo até a unidade de Saúde, onde buscou refúgio. Cinco rapazes acabaram invadindo a recepção do prédio e agrediram Alaelson com chutes, socos e uma barra de metal.

Alaelson foi hospitalizado e, em estado grave, transferido para a Santa Casa de São Carlos. Na semana seguinte, a vítima do espancamento e quatro testemunhas prestaram depoimento à Polícia Civil. As imagens do circuito interno de segurança do Pronto Socorro foram divulgadas e as cenas da agressão repercutiram nos veículos de imprensa do país. Em 20 de outubro, a Justiça decretou a prisão temporária dos quatro rapazes, que foram encaminhados a Itirapina. Um quinto envolvido foi preso dias depois.

Em fevereiro deste ano, a Praça dos Três Poderes foi tomada por mais de 100 pessoas durante a primeira audiência sobre o caso. Os cinco acusados de agressão, a vítima e aproximadamente 30 testemunhas prestaram depoimento à Justiça. A audiência durou por volta de sete horas. Na saída, o comboio com os cinco rapazes foi aplaudido por cerca de 50 pessoas que ainda aguardavam na porta do Fórum. A irmã de um dos acusados chegou a desmaiar.

Para o julgamento na próxima sexta-feira, o Ministério Público deve sustentar a tese de tentativa de homicídio. Já os advogados de defesa deverão argumentar, segundo informações obtidas com exclusividade pelo BMR, que os acusados agiram sob forte emoção, mas sem intenção de matar Alaelson, o que configura lesão corporal de natureza grave. Um dos defensores disse a nossa reportagem que espera uma pena justa, caso não haja a absolvição.

A “vítima”

Mesmo agredido de forma brutal, Alaelson Santana de Queiroz, hoje com 24 anos, também responde pelo crime de lesão corporal. Na noite do espancamento, por exemplo, Queiroz desferiu um golpe de faca contra um menor, mas acabou acertando outro jovem, o que deu início a toda a confusão. Após a repercussão do caso na mídia, o histórico de Alaelson acabou vindo à tona e revelando uma extensa ficha criminal, transformando a vítima em agressor.

Um dos casos mais notórios foi registrado em janeiro do ano passado, em São Bernardo do Campo. Nessa época, Alaelson era caseiro em uma fábrica e, embriagado, teria ameaçado os patrões de morte. Foi lavrado um boletim de ocorrências na polícia e ele foi demitido. Já em Ribeirão Bonito, três meses depois, se envolveu em uma briga e acabou golpeando outro rapaz com um facão. Na abordagem, atacou o Capitão da PM e foi imobilizado com a arma Taser.

Em outubro de 2010, ao receber alta após ser agredido, pulou pela janela da ambulância que o transportaria da Santa Casa de São Carlos a Ribeirão Bonito. De cueca e com um lençol branco, saiu correndo por algumas ruas de São Carlos, até ser capturado pela polícia. Há cerca de duas semanas, se envolveu em nova confusão na Festa de Agosto e buscou refúgio dentro da barraca principal. Segundo ele, um grupo queria agredi-lo.

Há cerca de uma semana, outro episódio. Com indícios de embriaguez, Alaelson teria invadido um estabelecimento e atacado um dos fregueses. Queiroz foi retirado do local e teria sido encurralado no canteiro de obras de uma escola, onde era caseiro, e acabou agredido. Os fatos estão registrados em boletins de ocorrência e podem integrar os autos do julgamento da próxima semana. A reportagem do BMR vai continuar acompanhando o caso, até a proclamação da sentença.