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Dois pesos, duas medidas: polícia age contra o crime

Marcel Rofeal*

É motivo de orgulho para nós ribeirão-bonitenses acompanharmos o noticiário local sobre as diversas apreensões de drogas que a Polícia Militar está realizando, pois, isto mostra a eficiência de nossos policiais. Também é digna de honrarias a atuação de PM e moradores no último episódio de assalto em nosso município. Porém, o crescimento constante desses índices em cidades como a nossa, de 12 mil habitantes, só é motivo de preocupação.

Desde dezembro, quando se iniciou uma onda de assaltos no município, contabilizamos uma invasão a casa lotérica local, a uma loja de cosméticos, a uma das agências do Banco do Brasil, a uma loja de roupas e uma tentativa de invasão a uma residência, todas na região central da cidade. Neste fim de semana, uma mercearia foi alvo de bandidos, porém, não tiveram muita sorte acabaram perseguidos e presos pouco depois.

Também pudemos acompanhar a diversas apreensões de entorpecentes em nosso município, principalmente nas mãos de jovens. Só neste final de semana, foram duas apreensões: no sábado (4), três jovens de 19, 17 e 16 anos foram abordados com 33 pedras de crack e 13 papelotes de cocaína; no domingo (5), um rapaz de 18 anos foi preso com 200 gramas de crack. As apreensões ocorreram no Heliana I e nas Malvinas.

Sim, devemos nos orgulhar da capacidade e potencialidade de nossos policiais, mas, sobretudo, devemos nos ater ao que acontece dentro de nossas casas, com as crianças e jovens. Eles, intitulados “futuro da nação”, estão, cada vez mais, envolvidos com essa triste realidade. Não devemos generalizar tampouco entrar no desespero, mas essa desgraça já chegou a Ribeirão Bonito. As drogas estão aqui, rondando nossas casas.

O sofrimento de uma mãe, ao qual presenciei durante a ocorrência de sábado na Delegacia de Polícia, é um retrato do que ocorre em todo o país. Uma mãe que sai de casa para trabalhar todas as manhãs, por volta das 4h30, enfrenta horas de trabalho pesado e muita exposição ao sol, mesmo com problemas de saúde, para garantir o sustento de seus filhos, de sua casa. Como conseguir observar seus filhos neste caso?

Por outro lado, temos mães e pais que, ao mesmo tempo em que estão presentes, estão ausentes na vida de seus filhos. Convivem diariamente, conversam sobre assuntos diversos e, no fim, acabam não os instruindo sobre os malefícios das drogas, talvez nem toquem no assunto, pois podem ter recebido a mesma orientação quando na infância, e não os direcionam a seguirem os princípios básicos de vida das pessoas de bem.

Há, ainda, um terceiro elemento que contribui diretamente, como em um efeito dominó, para que seja possível, ainda, acompanharmos este tipo de noticiário com frequência. A falta de estrutura familiar: brigas de casal, separações, traições etc.; tudo influencia na formação de um cidadão, quer queira quer não. Uma criança sem uma família bem estrutura, isto é, que viva numa balbúrdia, tende a seguir, por revolta ou “pirraça”, para o caminho oposto.

As polícias Civil e Militar não têm controle sobre essas situações. O Poder Público poderia intervir, como? Com a apresentação de propostas focadas, ao mesmo tempo, na educação de crianças e adolescentes, e na orientação dos pais e responsáveis. Qual o papel dos conselhos tutelares nestes casos? Recolher os menores e levar de volta para casa. É dever dos pais e responsáveis educar e orientar seus filhos, e não da Escola, da Polícia ou do Poder Público.

*Marcel Rofeal é colaborador voluntário na Rádio BJ FM e no jornal “Correio D’Oeste”, redator do jornal “Agosto” e responsável pelo “Blog Marcel Rofeal – BMR”.