Papa apareceu em janela e abençoou fiéis na Praça de São Pedro.
'Temos de aprender a ser misericordiosos com todos', disse ele.
Juliana Cardilli, do G1 no Vaticano
Foto: Reuters/CTV
"Deus jamais se cansa de nos perdoar. Nós é que nos cansamos de pedir
perdão". Com essas palavras, o Papa Francisco transmitiu a principal
mensagem da oração do Ângelus deste domingo (17), a primeira de seu
pontificado. Seu discurso foi todo marcado pelo perdão e pela
misericórdia.
“Deus é como um pai misericordioso, que sempre tem paciência conosco,
nos compreende, atende, não se cansa de nos perdoar. Grande é a
misericórdia do Senhor", disse.
O novo pontifície abriu seu pronunciamento com uma saudação que já se
tornou sua marca registrada: “Irmãos e irmãs, bom dia”. O Papa se disse
feliz por poder se encontrar novamente com os fiéis em um intervalo
curto de tempo, após sua primeira aparição pública na última
quarta-feira (13), quando foi eleito. “Estou feliz de fazer isso no
domingo, dia do senhor”, afirmou.
Logo no início de suas palavras, o Papa Francisco
mencionou que leu nos últimos dias um livro do cardeal alemão Walter
Kasper - a quem classificou de “bom teólogo”, sobre a misericórdia. “Mas
não pensem que estou fazendo publicidade do livro do cardeal”, disse o
Papa sorrindo, provocando muitos risos entre os fiéis. “O livro dizia
que a misericórdia é uma palavra que muda tudo, muda o mundo. Um pouco
dela deixa o mundo menos frio e mais justo”, disse Francisco.
O Papa destacou pelo menos duas vezes durante seu discurso que, devido
ao alcance dos meios de comunicação, podia falar neste domingo não
apenas com quem estava na Praça, mas com todo o mundo.
Francisco, que é argentino, lembrou que as origens de sua família estão
na Itália. "Mas nós fazemos parte de uma família maior, a família da
Igreja", disse.
O Papa Francisco também se lembrou de uma passagem de sua vida ocorrida
em 1992, quando ele ainda era bispo em Buenos Aires. Na época, chegou à
cidade a Madonna de Fátima, e foi feita uma grande missa em homenagem
aos doentes – o então bispo ficou à disposição de quem quisesse se
confessar.
“Ao fim, veio a mim uma anciã, muito humilde, nos seus 80 anos. A vi e
disse ‘nona – porque é assim que chamamos os anciãos lá – mas você não
tem pecados’. Ela disse que todos temos pecado, e que o senhor perdoa a
todos. ‘Se o senhor não perdoasse tudo, o mundo não existiria’, ela
disse.”
Durante o discurso do Papa, muitas pessoas ficaram emocionadas,
principalmente religiosos. Ao fim, Francisco fez uma saudação aos
peregrinos – e pediu que eles orassem por ele, e saudou todos os fiéis
de Roma e do mundo. “Renovo meu abraço aos fiéis de Roma, e estendo a
todos que vieram de toda a Itália e de todas as partes do mundo, e os
que estão unidos a nós pelos meios de comunicação."
No encerramento, o Papa pediu que todos não se esquecessem que “o
senhor não se cansa de perdoar, nós que os cansamos de pedir perdão”,
seguido por um “bom domingo, e bom almoço!”, arrancando novamente
risadas dos fiéis.
Mais cedo, Francisco voltou a quebrar o protocolo e apareceu para os religiosos em uma entrada lateral do Vaticano,
na Via de Porta Angelica, pouco antes das 10h locais (6h no horário de
Brasília). Ele estava indo para a Paróquia Sant'Anna, dentro do
Vaticano, para celebrar uma missa que começou às 10h.
O argentino Jorge Mario Bergoglio foi escolhido o novo Papa da Igreja
católica no último dia 13, após dois dias de conclave. Ele assumiu o
posto máximo da Igreja depois da renúncia de Bento XVI, em 28 de
fevereiro.
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