Estudantes foram ao plenário assistir à votação e
saíram decepcionados
Marcel Rofeal, de Ribeirão Bonito
Fotos: Marcel Rofeal/BMR
Por cinco votos a
quatro, a Câmara de Ribeirão Bonito rejeitou a proposta de criação do programa
Bolsa Faculdade no município. A ideia foi apresentada na noite de segunda-feira
(3), durante sessão extraordinária, pela Prefeitura de Ribeirão Bonito e previa
a concessão de 20 bolsas a estudantes da rede pública do município nas duas unidades
de ensino superior instaladas na cidade. Um grupo de estudantes que foi ao
plenário nesta sexta-feira (7) saiu decepcionado.
O projeto de lei
006/2014, de autoria do Executivo, foi protocolado no Legislativo na segunda.
Após a primeira sessão ordinária do ano, o presidente da Casa, vereador Dimas
Tadeu Lima (PT), convocou uma nova reunião, em caráter extraordinário, para a
apresentação formal da matéria, encaminhada às comissões permanentes. Lima,
ainda na segunda, convocou os parlamentares para uma nova sessão extraordinária
na noite seguinte com o intuito de votar a proposta, em regime de urgência.
Na noite de
terça-feira (4), o Legislativo voltou a se reunir. Durante a análise da
matéria, teve início uma discussão no Plenário Vereador Emygdio Lucato. Alguns
vereadores se exaltaram. Joseilton de Jesus (PSDB) chegou a telefonar ao
prefeito Wilson Forte Júnior (PMDB) para pedir explicações. Luiz Marcelino dos
Santos Pallone (PSB) ameaçou abandonar a sessão. O clima seguiu tenso e Dimas
decidiu por suspender os trabalhos, convocando uma nova reunião para esta
sexta-feira.
Com dúvidas sobre a
matéria, vereadores se reuniram na noite de quinta-feira (6) com o diretor de
Governo da Prefeitura de Ribeirão Bonito, o vereador licenciado Marcelo Antonio
Lollato (PMDB), e questionaram sobre alguns pontos. Também durante esta reunião
houve discussão e os ânimos se exaltaram em alguns momentos. Alguns
parlamentares indagaram sobre possíveis favorecimentos a alguma das entidades e
sobre dificuldades financeiras do Executivo.
Já nesta sexta-feira
(7) os vereadores voltaram a se reunir em caráter extraordinário. Por volta das
20h, o presidente Dimas abriu os trabalhos e teve início a leitura do
expediente. Foram apresentados três projetos de lei de autoria do Executivo
relacionados ao programa. O PL 007/2014 previa a suplementação de fichas no
valor de R$ 65 mil para o custeio das mensalidades. Já os projetos 008 e
009/2014 dispunham sobre a inclusão ao Plano Plurianual (PPA) e à Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) do auxílio aos estudantes.
Com o pedido de
votação em regime de urgência, Lima encerrou os trabalhos e convocou uma nova
extraordinária para a sequência. Na segunda sessão, foram apresentados e
aprovados os pareceres e, em primeiro turno, os três projetos encaminhados:
007; 008; e 009/2014. Os mesmos três projetos voltaram à pauta na terceira
sessão extraordinária da noite e foram, em definitivo, aprovados por
unanimidade. O projeto de lei 006/2014 também entrou na pauta das votações.
Em discussão, sem exaltações,
o vereador José Sebastião Baldan (PMDB) [foto acima] falou sobre as críticas de moradores a
respeito da sessão anterior e esclareceu o trâmite normal dos projetos no
Legislativo. “Eu gostaria que fizesse as críticas, mas qualquer dúvida que
tenham, meu telefone é 3344-1114. Eu estou a disposição 24 horas por dia”,
disse. Já Luiz Marcelino dos Santos Pallone (PSB) [foto] se colocou contrário e disse
que ficou surpreso com a proposta diante das dificuldades do município.
“Eu me surpreendi
quando veio um projeto dessa monta aqui pra casa sendo que existe uma
infinidade de programas federais para que se possa cursar uma universidade
hoje. Só não cursa quem não quer ou aquele que não tem vontade”, disse. Pallone
citou a quantidade de alunos que seriam beneficiados e o valor das
mensalidades, mencionando que, em quatro anos, seria investido por volta de R$
300 mil, o mesmo aplicado na pavimentação do bairro Novo Ribeirão.
Para Renata Mesquita
Magalhães (PSD) [foto], que se posicionou favorável ao objeto, a escolha dos
estudantes que seriam beneficiados não passaria por sua avaliação, mas os
bolsistas passariam por seleção com base no desempenho em suas escolas. Citou,
ainda, seu trabalho, desde a legislatura anterior, em prol da Educação, e
afirmou que os vereadores agiram por vaidade. “Nós fomos eleitos para
representar o povo, e não por vaidade”, declarou, reafirmando seus princípios.
Nelson de Souza (PRB)
também reafirmou a função do vereador em beneficiar a população e criticou os
parlamentares que abririam mão deste papel. “É difícil acontecer uma chance de
20 pessoas terem uma oportunidade dentro da nossa cidade e chegar em uma hora
dessas os vereadores pularem para trás”, disse. “Tem vereadores aqui que têm
condições de pagar uma faculdade para o seu filho, mas tem muitos pais que não
têm. Por que não assinar um projeto desses”, ressaltou.
Em votação, foram
favoráveis ao projeto: Dimas Tadeu Lima (PT); José Sebastião Baldan (PMDB);
Nelson de Souza (PRB) [foto]; e Renata Mesquita Magalhães (PSD). Os votos contrários
partiram de: Joseilton de Jesus (PSDB); Luiz Marcelino dos Santos Pallone
(PSB); Manoelito da Silva Gomes (DEM); Pedro Maia Almeida (PSDB); e Regivaldo
Rodrigues da Silva (PSDB). Estudantes que foram ao plenário assistir à votação
ficaram decepcionados e populares se revoltaram.
Repercussão – Em
frente à sede do Legislativo, logo após a votação, a presidente do diretório do
Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) em Ribeirão Bonito, Dagmar
Blota, se disse envergonhada com o posicionamento dos parlamentares tucanos.
“Um bando de covardes”, afirmou. Pelas redes sociais, diversos moradores também
se manifestaram indignados com a decisão. Fotos dos cinco vereadores são
compartilhadas. “Eles traíram o voto do povo”, disse Dagmar.
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