Oscip é pressionada a divulgar dados que afirma já estarem disponíveis
Marcel Rofeal, de Ribeirão Bonito
Fotos: Marcel Rofeal/BMR
Clima tenso e debate
marcaram a última sessão ordinária do ano na Câmara Municipal na noite desta
segunda-feira (1) em Ribeirão Bonito. Após ser cobrada na tribuna e na Justiça
sobre informações a respeito de recursos recebidos para organizar uma
conferência em Brasília há dois anos, a Amarribo foi ao Legislativo esclarecer
possíveis dúvidas sobre a prestação de contas e o grupo que assinou a ação
popular contra a entidade voltou a exigir publicidade aos dados.
Presidente do
Conselho de Administração da Amarribo Brasil, Josmar Verillo explicou que o
trabalho da entidade no combate à corrupção na cidade, com processos contra
ex-prefeitos e até cassação de mandatos, motiva “animosidade” de parte da
população contra a Oscip, mas voltou a falar sobre a XV Conferência
Internacional Anticorrupção e disse que as informações detalhadas estão
disponíveis a qualquer cidadão. Para ele, a ação contra a Amarribo
partiu de um “grupo político”.
Josmar destacou que o
primeiro passo, quando há suspeita de irregularidades ou dúvidas sobre as
contas, é pedir informações ao órgão responsável, mas que a Oscip não foi
procurada. “A Amarribo até agora não recebeu nenhum pedido de informação, aí
teve um grupo que entrou com uma ação na Justiça pedindo”, disse. O empresário
leu o despacho da juíza, que afirma a necessidade de verificar a publicidade
dos atos e que é “desnecessário requisitar a inteira prestação de contas”.
Verillo considerou a
ação como “litigância de má-fé” e desafiou: “Se houver qualquer ilegalidade
nesta prestação de contas da Amarribo, eu faço uma doação de R$ 20 mil a
qualquer entidade que vocês indicarem em Ribeirão Bonito. Se não houver
qualquer ilegalidade, o grupo que entrou com a ação faz uma doação de R$ 20 mil
para uma entidade que a gente indique. É um desafio que vale a pena, isso pode ajudar,
de qualquer forma as entidades de Ribeirão Bonito vão receber R$ 20 mil”.
Na sequência, o
advogado Luiz Arnaldo de Oliveira Lucato também ocupou a tribuna para comentar
a ação popular. Nanado iniciou sua fala afirmando sentir orgulho da atual
composição do parlamento e disse que ajudou a eleger alguns dos parlamentares.
Sobre o tema, apresentou o balanço patrimonial da Amarribo de 2012, afirmou que
os valores gastos são consideráveis e compatíveis com a grandeza do evento, mas questionou: “Quem recebeu esse dinheiro?”.
“A questão é de uma
simplicidade enorme”, declarou Nanado. “Ninguém está acusando a Amarribo de
irregularidade, ninguém. Essa acusação não existe em lugar nenhum e não existe
neste processo. Nós estamos dizendo que a Amarribo não está sendo transparente”,
completou. Para ele, a entidade tenta desviar o foco quando se fala
em grupo político. “É natural que grupos políticos se formem para disputar
qualquer eleição, mas não é o caso aqui”, afirmou o advogado.
“Contam-se nos dedos,
aqui, as pessoas que exerceram algum cargo político”, disse Nanado após indicar
dois ex-vereadores, o presidente da Câmara e sua esposa, dois ex-candidatos ao
Legislativo e um jornalista como autores da ação. “Não existe grupo político,
existe um grupo de pessoas inconformadas com a falta de transparência da
Amarribo e esse grupo de pessoas é muito maior do que essas que assinaram aqui.
A questão é muito mais séria que uma disputa política”, declarou.
Lucato também negou a
afirmação de que se busca denegrir a imagem da Amarribo e reconheceu que a
entidade ajudou o município. “Eu acho que a população quase inteira de Ribeirão
Bonito reconhece a importância que a Amarribo teve sim, reconhece os méritos da
Amarribo, reconhece a seriedade da Amarribo. Eu reconheço o importantíssimo
trabalho que foi feito pela Amarribo durante anos, mas essa seriedade tem que
ser demonstrada agora também”, prosseguiu.
Ao finalizar, disse que
não tem dinheiro para o desafio proposto, mas que poderia “baratear” com uma
aposta sobre o rebaixamento do Palmeiras no Campeonato Brasileiro. “Não é esse
o ponto, não estamos aqui para fazer aposta, não é essa a questão”, disse. “Não
existe acusação de irregularidade, existe uma afirmação de falta de
transparência e isso era necessário sim porque a prestação de contas poderia ter
sido feita há anos”, complementou.
Josmar voltou
à tribuna para uma réplica e esclareceu que a prestação de contas foi concluída
em outubro, com o envio do último relatório à Controladoria Geral da União
(CGU), e que antes disso não poderia ser divulgada. Ele reforçou o convite aos
interessados para que procurem a Amarribo em busca de dados como CNPJ e CPF de
todos os prestadores de serviços. “Esse processo é desnecessário”, frisou. “A
Amarribo não vai pagar o preço de ser questionada nisso”, finalizou.
Na tréplica, Nanado reafirmou
que a divulgação dos dados é obrigação por lei e que está na cartilha da
própria Amarribo. “‘A Amarribo recomenda como informação básica que toda
Prefeitura deve fornecer a lista individualizada de pagamentos com data, valor,
nome, CPF ou CNPJ de quem recebeu ou a título do que foi feito o pagamento’,
cartilha da Amarribo de combate à corrupção, página 36”, disse. “Não está se
pedindo nada demais”, completou o advogado.
Houve momentos de
intervenções de membros da Amarribo em alguns momentos das explanações acerca
de aditamento do termo de parceria entre a entidade e a CGU, e o presidente da
Casa Dimas Tadeu Lima (PT) pediu ordem no plenário. No dia 17 de novembro, Lima
foi à tribuna pela primeira vez e abordou o tema. Em torno de 15 pessoas, entre
moradores, representantes da Amarribo e da imprensa, e autores da ação popular
acompanharam os trabalhos nesta segunda (1).
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