Cidade parou diante de acidente que matou avó, nora
e neta no último domingo; Criança de 10 anos continua internada em Sumaré
Marcel Rofeal, de Ribeirão Bonito
Fotos: Reprodução/BMR e
Blog do Ronco
Uma segunda-feira em
que tudo fechou. O céu ensolarado que marcou o fim de semana amanheceu nublado.
Ribeirão Bonito recebeu ainda na noite de domingo (15) a notícia de uma
tragédia e muitos de seus moradores foram dormir perplexos. A cidade parou
diante do acidente que matou a mãe, a esposa e a filha mais nova, de apenas
cinco anos, de um investigador da Polícia Civil no município. Um novo drama
abalou Ribeirão Bonito e tornou a todos uma só família.
O acidente que devastou
a família ocorreu no início da noite de domingo, quando ela voltava da viagem
de férias. Fábio Santos conduzia o veículo, um Honda Civic, sob chuva intensa
quando, por volta das 19h, na altura do quilômetro 132 da Rodovia dos
Bandeirantes (SP-348), no trecho de Santa Bárbara D’Oeste, derrapou na pista,
perdeu o controle da direção, rodou, atravessou o canteiro central e colidiu em outro automóvel, um Ford Fiesta, que seguia na pista contrária.
Quatro pessoas ficaram
feridas, duas delas eram irmãs que viajavam no outro veículo envolvido. Outras
três pessoas, mãe, esposa e uma filha do investigador, morreram na hora. Santos
foi socorrido e levado à Santa Casa de Limeira, onde contou à polícia o que
ocorreu no momento do acidente e soube das mortes pela internet. Com
escoriações pelo corpo, ele ficou em choque, passou por exames, recebeu
medicação e foi liberado ainda pela manhã nesta segunda-feira (16).
A filha mais velha do
policial, Emanuelli Martins dos Santos de 10 anos, foi encaminhada ao Hospital
Estadual de Sumaré com traumatismo craniano. Ela foi submetida a uma cirurgia e
mantida em coma induzido na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde se
recupera. Já os corpos das vítimas fatais, que seguiram ao Instituto Médico
Legal (IML) de Americana, foram liberados por volta das 10h e chegaram a
Ribeirão Bonito pouco antes de meio-dia. A cidade parou.
Pelas ruas, a notícia
causou inconformismo e comoveu moradores. As homenagens começaram ainda na
madrugada pelas redes sociais e se intensificaram ao longo do dia. Previsto
para começar por volta das 13h, o velório atrasou. Passava das 14h quando
sirenes cortaram o silêncio de uma cidade de luto. Centenas de pessoas foram às
ruas da cidade acompanhar, emocionadas, ao cortejo com viaturas da Polícia
Civil e veículos funerários que levaram os corpos à Igreja Matriz.
No templo religioso, onde
ocorreu o velório coletivo, mais emoção. Amparado por familiares e amigos, o
policial se despediu das três mulheres de sua vida, pediu perdão pela tragédia
e recebeu palavras de conforto. Era pouco antes de 16h quando o corpo de
Aparecida de Jesus Giraldelli dos Santos, de 72 anos, deixou a cidade com
escolta policial para o sepultamento no Cemitério Nossa Senhora do Carmo, em
São Carlos. Em vida, ela havia pedido para ser sepultada junto à mãe.
Em Ribeirão Bonito, o
velório de mãe e filha continuou por mais três horas. Rosicler Martins dos
Santos, de 42 anos, e a filha Melissa, de apenas cinco anos, foram veladas até
por volta das 19h, quando uma cerimônia religiosa foi concluída e os corpos
deixaram a Igreja Matriz. O cortejo, que reuniu dezenas de automóveis e
viaturas da Polícia Civil, atraiu nova multidão às ruas e cortou a cidade. O
trajeto até o Cemitério Municipal, onde uma multidão esperava, foi rápido.
Diante do Cemitério
Municipal, no Jardim Heliana, o trânsito foi interrompido na Avenida da Saudade
durante o sepultamento para o estacionamento dos veículos. Policiais civis e
militares, como o delegado Reinaldo Lopes Machado e o capitão Wagner Gonçalves
Rocha, delegados de diversas cidades, além de autoridades políticas e
religiosas, participaram do funeral. Sob aplausos e forte emoção, mãe e filha
foram sepultadas lado a lado. A dor da tragédia uniu e sensibilizou moradores.
Milhares de pessoas
prestaram sua solidariedade à família das vítimas por meio de mensagens ou até
mesmo no funeral. As mortes trágicas de avó, nora e neta, que comoveram a
cidade, tornaram do município de Ribeirão Bonito uma só família. O
respeito ao momento e o apoio aos familiares e aos sobreviventes, gestos de
carinho e orações, são pontos de luz em meio à escuridão de extrema tristeza
que marcam mais um capítulo doloroso nas páginas da história do município.
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