Internacional: Conselho da ONU define lista negra e vota sanções ao Irã nesta quarta - Blog Marcel Rofeal

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terça-feira, 8 de junho de 2010

Internacional: Conselho da ONU define lista negra e vota sanções ao Irã nesta quarta

ATUAL PRESIDENTE DO CONSELHO DE 15 NAÇÕES DISSE QUE REUNIÃO DEVE OCORRER APÓS ACORDO

Da Folha Online, com Agências de Notícias

Após meses de duras negociações, as potências do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) disseram nesta terça-feira estarem próximas de votar uma resolução para impor uma quarta rodada de sanções ao Irã por seu programa nuclear.

O embaixador mexicano na ONU, Claude Heller, atual presidente do Conselho de 15 nações, disse que a reunião será às 11h de quarta-feira (horário de Brasília), após um acordo sobre a lista dos alvos das sanções.

Em Quito, no Equador, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, afirmou nesta terça-feira que as sanções são as "mais significativas que o Irã já enfrentou".

O Irã insiste no caráter pacífico do seu programa nuclear, a despeito das suspeitas ocidentais em contrário. O país já desafiou cinco resoluções do Conselho de Segurança exigindo que paralise suas atividades de enriquecimento de urânio, processo que pode gerar combustível para reatores civis ou para armas nucleares.

Diplomatas ocidentais esperam que 12 membros do Conselho, incluindo todos os cinco com poder de veto, votem pela resolução. Brasil, Turquia e Líbano devem ser contrários às sanções.

O esboço da resolução foi resultado de meses de conversas entre EUA, Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia. As quatro potências ocidentais desejavam medidas mais duras, algumas contra o setor energético iraniano, mas Pequim e Moscou trabalharam intensamente para amenizar essas propostas.

O Irã, no entanto, alertou a Rússia, sua parceira comercial, para não apoiar as medidas punitivas contra a República Islâmica.

LISTA NEGRA


Diplomatas ocidentais disseram em condição de anonimato haver um indivíduo e 40 instituições numa lista negra no esboço de resoluções. Eles identificaram a pessoa como Javad Rahiqi, diretor de um centro nuclear em Isfahan, onde o Irã tem uma unidade de processamento de urânio.

Diplomatas disseram que a China exigiu que uma empresa, a Export Development Bank of Iran, fosse retirada da lista.

Apesar de as potências do Conselho terem concordado com a lista, os Estados Unidos e a China seguem discutindo um ponto, o que significa que ela poderá sofrer pequenas mudanças antes da votação, disseram os diplomatas.

Aqueles incluídos na lista negra da ONU por laços suspeitos com os programas nuclear e de mísseis do Irã podem enfrentar limitações em viagens internacionais e congelamento de bens.

SANÇÕES


A resolução pede por medidas contra novos bancos iranianos no exterior se houver suspeita de envolvimento com os programas de mísseis ou com o programa nuclear iraniano. Também há medidas de vigilância de transações com qualquer banco iraniano, incluindo o Banco Central do Irã.

Além disso, amplia o embargo de armas ao Irã e cria restrições a três entidades ligadas às Linhas de Navegação da República Islâmica do Irã e a 15 pertencente à Guarda Revolucionária Islâmica. A resolução também estabelece uma inspeção de cargas semelhante à em vigor na Coreia do Norte.

Uma fonte iraniana de alto escalão alertou para uma "reação apropriada" por parte do país contra as potências mundiais. Um parlamentar disse que Teerã vai reconsiderar sua cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) se as sanções forem aprovadas --uma ameaça que o país já fez anteriormente.

MEDIDAS EXTRAS


O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, afirmou esperar a aprovação da resolução, que daria um trampolim para que países adotassem suas próprias medidas mais duras contra Teerã por se recusar a interromper o enriquecimento de urânio.

Em Londres, Gates disse que vários países devem aprovar rapidamente medidas ainda mais duras do que o pacote da ONU.

"Um dos muitos benefícios da resolução é que irá fornecer uma plataforma jurídica para que nações individuais então tomem ações adicionais para irem bem além da resolução em si", disse ele. "Acredito que várias nações estejam preparadas para agir bem prontamente."

"Não acho que tenhamos perdido a oportunidade de impedir os iranianos de terem armas nucleares."

IRÃ-RÚSSIA


Em Istambul, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, alertou a Rússia para "não ficar ao lado dos inimigos do povo iraniano". Ele participou na Turquia de uma cúpula junto ao primeiro-ministro russo, Vladimir Putin.

Putin por sua vez disse que encontraria Ahmadinejad ainda nesta terça-feira, e prometeu que as sanções não serão excessivas.

"Teremos uma oportunidade de discutir esses problemas se o meu colega iraniano tiver tal necessidade', disse ele, acrescentando que não haverá obstáculos ao 'desenvolvimento da energia nuclear pacífica do Irã."

ACORDO NUCLEAR


Ahmadinejad disse que o acordo nuclear que ele fechou em maio com os governos de Turquia e Brasil foi uma oportunidade que não irá se repetir.

No último dia 17, Brasil, Irã e Turquia assinaram um acordo pelo qual Teerã se comprometeu a enviar 1.200 quilos de seu estoque de urânio pouco enriquecido à Turquia, sua vizinha, para em um ano receber de volta 120 quilos do material processado a 20% para uso em pesquisa médica.

O Irã diz, no entanto, que isso não lhe impediria de continuar enriquecendo urânio, o que o Ocidente não quer.

Os EUA rejeitaram o pacto nuclear, apontando-o como uma estratégia do Irã para evitar novas retaliações da ONU devido a seu programa nuclear. Um dia após a assinatura do acordo, os EUA apresentaram ao Conselho de Segurança da ONU uma proposta para impor novas sanções ao país persa.

Turquia e Brasil e Irã pediram uma suspensão das discussões sobre as sanções por causa do acordo de troca de combustível, mas as potências ocidentais insistiram que o acordo era uma tática iraniana para evitar ou postergar as sanções.

"Esperamos que eles possam usar essa oportunidade, mas dizemos que esta oportunidade não vai se repetir", alertou Ahmadinejad.

O presidente turco, Abdullah Gul, pediu na segunda-feira a Ahmadinejad que mostre à comunidade internacional que o seu governo está preparado para cooperar e resolver a disputa a respeito do seu programa nuclear.

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