Moradores convocaram ato popular de despedida na praça
Fernanda Moura, especial para o UOL Notícias em Buenos Aires
A manifestação dos argentinos pela morte do ex-presidente Néstor Kirchner ainda é discreta em Buenos Aires no começo da tarde desta quarta-feira (27), mas, aos poucos, populares começam a chegar à Plaza de Mayo e se aglomeram em frente à Casa Rosada, sede do governo argentino, com bandeiras e velas. O governo espera uma grande movimentação no local e está organizando reforço no aparato policial.
Alguns moradores convocaram, pelo microblog Twitter, um ato popular na praça para o início da noite para se despedir de Kirchner. "Retuítem, todos convocados à Plaza de Mayo às 20 h. Hoje mais que nunca devemos estar junto a CFK (como é conhecida a viúva de Kirchner, a presidente Cristina Fernández Kirchner)".
Já há também aglomeração na Praça do Congresso, às portas do Parlamento, onde, em princípio, será velado o corpo do ex-presidente. Kirchner morreu na manhã desta quarta-feira (27), no Hospital José Formente de El Calafate, na província de Santa Cruz, por uma parada cardíaca com morte súbita.
O aeroporto Jorge Newberry (conhecido como Aeroparque), da cidade de Buenos Aires, foi parcialmente fechado para agilizar o tráfico aéreo entre Buenos Aires e El Calafate, já que grande parte do governo argentino se encontrava fora da capital argentina por causa do Censo Nacional e se estima um grande tráfico aéreo entre os aeroportos por conta da morte do ex-presidente.
Até as 13h30 (horário de Brasília), três aviões fretados pelo governo partiram com integrantes do partido peronista e do governo a caminho do El Calafate, onde se faria o primeiro velório de Kirchner.
Hoje é feriado nacional na Argentina porque acontece o Censo Nacional 2010. Por isso, o país está praticamente parado, com o transporte público funcionando com a capacidade reduzida e com o comércio fechado.
Repercussão na Argentina
António Cafiero, ex-governador da província de Buenos Aires e candidato a presidente pelo peronismo na década de 1990, afirmou esta manhã que Kirchner “foi um dos grandes presidentes da Argentina”. “Sabíamos que tinha problemas de saúde, mas ninguém imaginava isto. Guardo por Néstor Kirchner uma memória respeitosa”, disse.
O vice-presidente do país, Júlio Cobos, opositor ao kirchnerismo, afirmou a uma cadeia de TV argentina que a morte de Kirchner “é uma grande perda para o país”. “Éramos opositores, mas ele foi um excelente político.” O vice-presidente, que estava em Mendoza, também vai a El Calafate. Desde a greve dos ruralistas, em 2008, Cobos se separou do governo Kirchner ao votar contra a posição do governo e em apoio aos ruralistas.
O deputado nacional Agustin Rossi, do Frente para a Vitória, aliado do governo Kirchner, afirmou que o ex-presidente “amava a vida e tinha energia positiva”. Outro deputado, Carlos Heller, do partido peronista, afirmou que o ex-presidente foi um “ator fundamental da política argentina”. Pino Solanas, líder do Projecto Sur, um dos partidos de oposição, afirmou que além das diferenças “se perde um grande político na Argentina”.
Mário das Neves, governador da província de Chubut, e um dos líderes políticos que mais contestou o governo Kirchner, afirmou que não se pode negar “sua condução política, sua força política e sua importância para o país”.
Filipe Sola, pré-candidato presidencial pela Unión Peronista Bonaerense, afirmou que a morte de Kirchner não “afetará a carreira política de Cristina Kirchner” mas que “o tempo dirá o que se passará com a condução política do pais e do partido peronista.”
Hugo Moyano, secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores, membro do partido peronista e pré-candidato a governador de Buenos Aires, afirmou que “a morte de Kirchner é irreparável". O dirigente sindical, um dos principais apoiadores do casal Kirchner, disse que “não é o momento de pensar na sucessão”, mas que claramente isto mudará muitas coisas. “Precisamos saber como reagir frente a isto. Cristina Kirchner vai se fortalecer com o povo argentino."
Nenhum comentário:
Postar um comentário