Ataques deixaram 70 mortos e provocaram destruição em 12 cidades
Patrick Markey, Rania El Gamal e Ahmed Rasheed, Reuters
O dia mais sangrento do Iraque em 2011 lembrou de  maneira brutal ao governo e às forças dos Estados Unidos que a Al Qaeda  local ainda é capaz de realizar complexos ataques coordenados, pondo à  prova as forças de segurança no país.
Homens-bomba, carros-bomba e explosivos deixados em calçadas  provocaram destruição em mais de doze cidades e aldeias iraquianas na  segunda-feira, matando 70 pessoas, quando faltam apenas cinco meses para  a desocupação militar norte-americana.
Os atentados, aparentemente coordenados, perturbaram a calma no mês  sagrado do Ramadã, e foram os mais letais desde março, quando militantes  mataram mais de 50 pessoas num edifício público de Tikrit.
No incidente mais grave da segunda-feira, duas bombas mataram pelo  menos 37 pessoas na localidade xiita de Kut. Em Tikrit, um homem-bomba  atacou uma prisão onde há detentos da Al Qaeda. Outro homem-bomba  detonou-se num prédio público provincial ao norte de Bagdá, deixando  oito mortos.
Nenhum grupo assumiu a responsabilidade pelos ataques, ocorridos  tanto em áreas sunitas quanto xiitas, mas as autoridades suspeitam do  Estado Islâmico do Iraque, um grupo sunita afiliado à Al Qaeda.
Especialistas em segurança dizem que a abrangência dos ataques  ilustra a capacidade de resistência dos insurgentes, mas que um só dia  violento não quer dizer que haverá uma retomada dos atentados regulares  que eram registrados durante a fase de violência sectária em 2006 e  2007.
"Isso parece ser um retorno ao velho estilo deles, em que eles tentam  realizar múltiplos ataques para passar o recado de que não são uma  força esgotada", disse Jeremy Binnie, da consultoria Jane's Terrorism  and Security Monitor.
"Mas eles estão se tornando mais esporádicos. Isso não  necessariamente aponta para uma deterioração preocupante na segurança do  Iraque em longo prazo."
Apesar da perda de territórios e de comandantes importantes, o Estado  Islâmico do Iraque ainda realiza atentados de grande porte. Em outubro  do ano passado, por exemplo, seus militantes invadiram uma igreja  durante a missa dominical, num incidente que terminou com a morte de 52  reféns e policiais.
Autoridades dos EUA dizem que os militares iraquianos conseguirão  conter as ameaças internas. Mas muitos iraquianos temem pelo futuro do  país quando as tropas dos EUA forem embora.
"As impressões digitais da Al Qaeda estão em tudo isso. As  autoridades provinciais de segurança deveriam ser responsabilizadas,  porque falharam nos seus deveres", disse Mehdi al-Moussawi,  vice-presidente do conselho provincial de Kut, depois dos atentados na  cidade.
"Nossas forças de segurança merecem ser chamadas de um fracasso."


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