Primeiramente, é
preciso deixar claro que o papel do jornalista vai além de noticiar fatos. O
papel do profissional do Jornalismo é informar, ou seja, dar ciência ao fato,
mas também dar instrução, ensinar. Geralmente o jornalista é um formador de
opinião, pois, com o seu trabalho, ajuda a formar toda uma sociedade. Um povo
bem informado é um povo culto e dificilmente será enganado. Esse é o objetivo
do Blog Marcel Rofeal desde sua criação, há seis anos, e esse é o lema que
norteia o meu trabalho.
Sinto-me no dever,
por tudo o que foi exposto acima, de expressar a minha opinião e, desta forma,
tentar ajudar a população ribeirão-bonitense, em geral, a compreender alguns
temas que, para mim mesmo, é de difícil entendimento. Primeiramente reafirmo
que, a respeito do projeto discutido – e muito, diga-se de passagem – pela Câmara
de Ribeirão Bonito, com relação à criação de cargos de cuidadores, há uma
polêmica desnecessária neste momento. Criou-se um monstro de sete cabeças sobre
algo simples, um projeto claro e objetivo.
Confesso que, a
princípio, quando fui convidado a participar da primeira audiência pública
acerca do assunto na Câmara, em 25 de maio, me senti como um sujeito à deriva
em meio ao oceano revolto. Saí do plenário com a cabeça explodindo, tamanho o número
de informações. Estudei o assunto por três dias e demorei o mesmo período para
compreende-lo. No entanto, estava disposto a entender, sobretudo, a ouvir os
dois lados: pais preocupados, indignados e revoltados; profissionais de ensino
que têm a obrigação de apresentar melhorias à Educação.
Eu não tiro a razão
dos pais, que se apresentaram e se colocaram à frente do movimento em defesa
dos alunos portadores de necessidades especiais de nosso município. Aliás, devo
parabenizar esse grupo, pois, tem atuado em defesa, não só dos próprios filhos,
mas também dos filhos de outros que sequer saíram de suas casas para saber o
que estava acontecendo. Critico e sempre criticarei o comodismo de algumas
pessoas, pois é um fator determinante para que a comunidade não evolua e se
mantenha na mesmice.
Por outro lado, devo
adverti-los sobre dois pontos que são indispensáveis para que um indivíduo
possa participar de um debate. O primeiro passo é: você deve saber calar-se
para ouvir o que o outro tem a dizer. Não adianta você se apresentar a uma
discussão onde somente você quer falar, mas ninguém que tenha uma opinião
contrária a sua pode se manifestar. Não basta escutar outra opinião, mas
ouvi-la, tentar entende-la. Isso, infelizmente, não tem acontecido nesse caso.
Quando alguém tenta se explicar, é brutalmente interrompido; geralmente quem
interrompe ainda usa de ironias, sarcasmo e em tom exaltado.
O segundo passo está
diretamente ligado ao primeiro: você deve estar disposto a ouvir e a entender o
que está se propondo. Muitos dos que participaram destas “discussões” já se
apresentaram com uma ideia fixa na cabeça e, por mais explicações que escutassem,
pois nem quiseram ouvir, se mantinham com a questão fechada. É aquele tipo que
chega para quem escreveu o projeto e afirma que “não é como você fez, é como eu
acho que vai ser, e isso não está certo”. Não está mesmo! O projeto deve ser
aquilo que foi proposto, não como você interpretou. Tenha a humildade de ouvir
e tentar entender.
Demorei três dias,
como disse, para entender a situação, mas entendi e posso afirmar que o melhor
é aprovar os cargos de cuidadores. Ora, Cristo, se está ilegal, o Município tem
que regularizar a situação, e não interessa se isso vem acontecendo há anos, o
Tribunal de Contas já sinalizou que irá agir caso isso continue. Ah, mas isso
pode prejudicar o ensinamento dos alunos especiais. Vejamos: como é hoje? O
único que tem o dever de ensinar é o professor da sala, e não a pessoa que
atende exclusivamente o aluno especial. Que fique claro de uma vez por todas!
Incomoda-me demais
ouvir argumentos sem fundamento algum de que o cuidador não é capacitado. Ora,
desde que consiga atender às necessidades básicas do aluno, já está capacitado.
Hoje, aquele que acompanha a criança especial está sendo desvalorizado na
prática, e a explicação é simples: não é papel de professor alimentar a criança
na boca, levar a criança ao banheiro, limpar uma criança ou coisas assim. Isso
é função de cuidador, e é isso que se espera acontecer. Quem acompanha o aluno
especial não tem que ensinar, pois isso cabe ao professor da sala; a função é única
e exclusivamente cuidar do aluno, auxilia-lo.
Volto a dizer que não
tiro a razão dos pais, mas a partir do momento em que levanta-se afirmações
caluniosas e fantasiosas, utiliza-se de ironias e sarcasmo, e principalmente
não se permite que outras pessoas manifestem suas opinião e versão, vocês
perdem completamente a razão. Sejam humildes, se disponham a ouvir e a
entender. Abram a mente de vocês e não vão pela cabeça dos outros, tampouco
pelo achismo. Com a rejeição desses cargos, seus filhos serão tratados como
todos os outros alunos e não terão mais ninguém para auxilia-lo na sala, apenas
o próprio professor – que não tem por obrigação abandonar uma sala de aula toda
para cuidar de apenas um aluno.
(*) Marcel Rodrigues
Ferreira de Almeida, 21, jornalista, responsável pelo Blog Marcel Rofeal e
editor-chefe do Jornal Correio D’Oeste.
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