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quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Considerado "uma bosta" por Chiquinho, Pelc de Ribeirão Bonito paralisa as atividades

Programa oferecia mais de 40 oficinas culturais e esportivas, atendendo a cerca de mil pessoas inscritas

Marcel Rofeal, de Ribeirão Bonito

Mais de 100 pessoas lotaram o Plenário "Vereador Emygdio Lucato" da Câmara de Ribeirão Bonito em busca de apoio
Por falta de repasse de recursos do Governo Federal, somada ao completo descaso da Prefeitura Municipal, o núcleo do Programa Esporte e Lazer da Cidade de Ribeirão Bonito encerrou seu trabalho na última semana. Com cerca de mil inscrições, atendendo a pessoas dos 4 aos 96 anos de idade, o Pelc reunia 18 projetos diários em mais de 40 oficinas responsáveis por mais de 2 mil atendimentos mensais. Indignados e preocupados com o fim do projeto, mais de cem pessoas, entre participantes e familiares, lotaram a Câmara na última segunda-feira (2) em busca de apoio.

Durante sessão ordinária, três vereadores declararam apoio ao projeto e criticaram a falta de apoio do Município à iniciativa. Valdinei de Oliveira e Leandro Donizette Mascaro (DEM), e Armando Luís Lombardo Simões (PODE), foram à tribuna explanar sua indignação com a paralisação das atividades. Segundo os parlamentares, a Prefeitura teria condições de assumir o Pelc imediatamente, uma vez que os custos mensais do programa giram em torno de R$ 10 mil. Para os parlamentares, o próprio prefeito Francisco José Campaner (PSDB) afirmou que não investiria no Pelc por antipatia.

Chiquinho Campaner, que disse preferir pagar traficantes em vez de tratamento para dependentes químicos, considera o Pelc, responsável por atividades culturais e diversas modalidades esportivas, "uma bosta". O megaprojeto é resultado de uma parceria entre a Prefeitura e o Governo Federal por meio de um convênio anunciado em meados de 2014 que previa a liberação de mais de R$ 240 mil, com uma contrapartida de R$ 5 mil do próprio Município. A proposta apresentada ao Ministério dos Esportes recebeu a quarta melhor nota entre as cidades paulistas, de 726 classificadas no país.

Visto como "a menina dos olhos" do então prefeito Wilson Forte Júnior (PMDB), o Pelc foi uma das poucas marcas - senão a única - da administração Nenê Forte e uma conquista especial do então diretor de Esportes do Município, Ricardo Perroni. Para o ex-prefeito, havia um grande temor de que seus sucessores não mantivessem as atividades. A meta, segundo Nenê Forte, era contribuir para uma "melhoria significativa" nas condições de vida da população através de práticas culturais e esportivas, buscando reverter um quadro de injustiças, exclusão e vulnerabilidade social.

A meta, de acordo com relatos dos próprios participantes do projeto, foi atingida com sucesso e sem surpresa. Idosos, por exemplo, passaram a se queixar menos de problemas de saúde e a frequentar menos os consultórios médicos depois que começaram a participar das oficinas de alongamento, caminhada e hidroginástica. Crianças e adolescentes deixaram a ociosidade e até as ruas no contraturno escolar para se entreterem com atividades de diversas modalidades esportivas, como artes marciais, futebol de campo e de salão, basquete, vôlei, handebol, natação, entre outras.

Na visão de Nenê Forte, o Pelc é uma ferramenta de integração e encontro de gerações por meio de jogos recreativos, gincanas culturais e esportivas, danças, ginásticas, torneios esportivos, oficinas artesanais e de teatro, incluindo atividades físicas e culturais à rotina da população e combatendo o individualismo. Na visão de Chiquinho Campaner, "uma bosta" que "atende meia dúzia de pessoas". Só no primeiro evento promovido pelo Pelc, no qual Chiquinho não compareceu, foram oferecidas mais de 20 atrações por menos de R$ 2 mil, reunindo em torno de 700 pessoas no Estádio Municipal.

Frutos - Entre os resultados do Programa Esporte e Lazer da Cidade em Ribeirão Bonito, um dos mais significativos é o Grupo Teatral "Sem Limites", que nasceu de uma oficina do Pelc com cerca de 10 pessoas sob a orientação do agente e educador Sidney Nascimento. Após semanas de ensaios, o grupo passou a encenar a peça "A Hora da Estrela", uma adaptação da obra de Clarice Lispector, e foi convidada a se apresentar em escolas de Ribeirão Bonito. A repercussão positiva do trabalho levou o grupo a se apresentar em Dourado a convite da própria Prefeitura da cidade vizinha.

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